segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Conflito territorial no rio de Janeiro

O Haiti é Aqui
Sobre o Rio 2010, 2014, 2016 ...

Carlos Walter Porto-Gonçalves[1]

O espetáculo da violência que se quer legítima por parte do Estado globalizando Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão coloca a sociedade a brasileira diante de si mesma. Vivemos uma época onde o capitalismo financeirizado usa como estratégia a produção de eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Esses eventos desencadeiam excelentes oportunidades de negócios no setor da construção civil, turismo, marketing e publicidade, indústria esportiva e mídia conformando um bloco de poder que insta os estados a agir em seu interesse em nome de atrair investimentos e gerar emprego e renda. Como se tratam de eventos, o nome já o diz, seus empregos são eventuais e a geração de renda beneficia desigualmente os diferentes estratos sociais: alguns terão empregos na construção civil, uns serão porteiros depois das obras, e outros serão guias turísticos e repórteres por alguns dias. O setor financeiro, as incorporadoras de imóveis, as grandes redes hoteleiras, a indústria esportiva e as empresas de marketing e publicidade já estarão promovendo ouros grandes eventos a serem transmitidos pelas redes globais de TV em canais abertos e fechados.
O Brasil, Cuba e Haiti desde o séc. XVI exportam açúcar e, ao contrário do que se ensina nos livros didáticos e até mesmo nas universidades e na pós-graduação, o açúcar não é matéria prima. O açúcar é produto manufaturado e, à época, na Europa não havia manufaturas como os nossos engenhos de açúcar. A modernidade tecnológica estava aqui e não lá. O engenho de açúcar chegou aqui junto com os latifúndios e suas monoculturas, e como toda técnica comporta uma intencionalidade, como nos ensina Milton Santos, os engenhos e o latifúndio monocultor tinham uma intencionalidade posto que a produção não era para satisfazer as necessidades de quem produzia diretamente, mas sim para fora, para terceiros, para exportação. A monocultura, por exemplo, é uma técnica moderna e, portanto, feita não para satisfazer a quem produz. Essa coisa de local e de comunidade é tudo que a modernidade nega e desqualifica em nome do global, do geral, do universal. E como não era natural que as pessoas aceitassem produzir o que não fosse para elas mesmas, a modernidade introduziu a chibata, a escravidão. Afinal, nossos primeiros engenhos foram feitos com chibata para exportação! Made in Brazil e, já ali, commoditties: técnica de ponta com injustiça social.
A modernidade para nós tem sido isso: riqueza e sofrimento. Essa é a colonialidade que nos acompanha e que é o outro lado da moeda da modernidade. Somos modernos há 500 anos! E para que não se pense que estamos falando de um outro mundo, de um outro tempo, observemos o que nos falam os dados da ONU sobre o que vem se passando no mundo nesse período restrito que a mídia e os think thanks do neoliberalismo chamam de globalização: entre 1970 e 2010 a população urbana mundial aumentou em dois bilhões e cento e setenta e sete milhões (2.177.000.000) de habitantes! Já em 1990 tínhamos em cidades uma população equivalente a toda a população mundial de 30 anos antes (1960). Informes recentes obtidos no Vº Fórum Urbano Mundial realizado no mês de março de 2010 no Rio de Janeiro, chamaram a atenção para o fato de 70 milhões de pessoas a cada ano se somarem à população urbana global. E que 90% desse aumento se dá nos países africanos, latino-americanos, caribenhos e asiáticos.
Uma nova geografia política mundial vem se reconfigurando onde o capitalismo financeiro que opera em rede se vê tendo que se ajustar à escala local onde vive a maioria dos “condenados da terra”, conforme a feliz expressão de Frans Fanon sobre os infelizes. Hoje é nessas periferias que proliferam as doenças da miséria globalizada como a AIDS ou mesmo a gripe aviária, como nas periferias da cidade do México em 2009. É nessas periferias urbanas que se espalham o varejo do mercado paralelo das drogas do narco-capitalismo financeiro e seu irmão-gêmeo o mercado de armas. Ali, nas periferias-pobres-onde-quase-todos-são-pretos jovens sem futuro matam e se matam portando armas globalizadamente intermediadas pelo capital financeiro onde os paraísos fiscais cumprem um papel central. E como um paraíso fiscal deve ser, como todo paraíso, numa ilha, o que é perfeitamente coerente com a lógica de um capital que se quer desterritorializado, isto é, sem compromisso com direitos e cidadania que tem no território nacional seu lócus de garantia, o emblema maior desse sistema mundo moderno-colonial não poderia deixar de ser um país-ilha onde “todos são pretos” e os impostos estão no nível ideal dos think thanks neoliberais (O %): o Haiti. E o Haiti expõe ao extremo as contradições do sistema mundo moderno-colonial haja vista ter sido o primeiro país do mundo a querer fazer a dupla emancipação: a do sistema de poder mundial moderno-colonial e a das oligarquias latifundiárias escravocratas. Os haitianos, à época parte do sistema colonial francês, viram a burguesia que tinha no Haiti sua principal fonte de acumulação ser revolucionária em Paris se posicionando contrariamente a estender ao Haiti os princípios da Revolução de 1789: a liberdade, a igualdade e a fraternidade não podiam atravessar o Atlântico nem a barreira da cor da pele. Os Estados Unidos retribuíram a estátua da Liberdade que os franceses lhes regalaram, embora a deixando numa ilha (Manhatan), e apoiaram os franceses contra a dupla emancipação que os haitianos acreditaram ser possível com a Revolução Francesa. Ali, os Estados Unidos deram seu primeiro passo imperial, logo esse país que fizera a primeira revolução de libertação nacional que o mundo conheceu no 4 de julho de 1776.
E foi ali no Haiti que, em 2004, ano em que comemorariam seus 200 anos de independência, que se reiterou o golpe de estado contra um presidente preto cuja liderança política havia sido forjada nas periferias pobres de Porto Príncipe. Diga-se de passagem, que foi um golpe de estado que se iniciara em 1992 quando Jean-Batiste Aristide, o padre da Teologia da Libertação, ganhara a primeira eleição livre do Haiti depois que a sanguinária dinastia Duvallier deixava o país depois de décadas para se abrigar no país das Luzes, a França. J-B Aristide foi seqüestrado pelo então Presidente Bill Clinton e levado a Washington onde teve que negociar as condições que o Império lhe impôs para tomar posse. Entre essas condições constava a de não mexer na estrutura de poder militar legada pelos Duvallier. Aristide e o povo haitiano pagaram caro, mais uma vez, suas pretensões libertadoras e tiveram que se curvar às forças hegemônicas do sistema mundo moderno-colonial.
E é ali no Haiti que vem se ensaiando o novo combate na nova configuração geopolítica do mundo onde as periferias onde “quase todos são pretos” devem ser controladas. O espetáculo globalmente transmitido ao vivo de tanques militares invadindo Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão no último dia 26/11/2010 atualiza essa história de longa duração no espaço concreto da miséria local de um sistema global. E os tanques que ali agiam numa inédita articulação do estado brasileiro em suas distintas esferas com a mídia foram tanques fabricados na Suíça que, até então, se acreditava ser o país do chocolate e do capital bancário-financeiro globalizado. Que aqueles jovens que com a sua fuga demonstravam o quanto desorganizado é o “crime organizado” se livrem do massacre que os espera. Mas a esperança necessária para que se livrem das balas que prometem atingi-los, aliás como também vem protagonizando nessa lógica absurda da violência e do medo, passa muito longe de tanques e da mídia. Passa “por uma outra globalização” muito longe do globaritarismo que não entende que é de “um mundo onde caibam muitos mundos” que carecemos. Que seja igualitária e que não tolere o outro porque o vê com alegria. E que a pólvora volte a ser usada para fogos de artifício. Aliás, elas só se fazem mais belas sobre um fundo preto, à noite, que bem pode ser a escuridão da morte.




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[1] Professor dom Programa de Pós-graduação em Geografia da UFF. Pesquisador do CNPq e do Clacso. Prêmio Casa de las Américas (Ensaio Hisórico-social) em 2008 e Medalha Chico Mendes em Ciência e Tecnologia 2004. É autor de vários livros e artigos publicados no Brasil e no exterior.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Reunião do G20 - solução de questões cambiais

Atualidades :
A questão cambial e a reunião do G20

Na atual conjuntura global as questões das flexibilizações da moeda tem atraído atenção quando se pensa em crise econômica mundial e o fabuloso crescimento econômico chinês pautado em uma agressiva desvalorização de sua moeda o Iuan.
Estados Unidos acusam a China de manter sua moeda desvalorizada para melhorar a competitividade internacional
Negociadores de países do grupo buscam acordo sobre moedas.
da economia mundial - não conseguiram progredir nas primeiras discussões sobre as medidas que as principais forças econômicas do mundo precisam tomar para sustentar a recuperação econômica global, incluindo o debate sobre a "guerra cambial", às vésperas da reunião de cúpula das principais potências industrializadas e emergentes que começa na quinta-feira em Seul.
Um encontro de delegados dos ministérios das Finanças, organizado na terça-feira para preparar o documento que será lido pelos líderes ao término da cúpula, na sexta-feira, "não registrou avanços", disse nesta quarta o porta-voz do comitê presidencial sul-coreano do G20, Kim Yoon-kyung.
"Cada país se manteve apegado à sua posição original. Não queriam um compromisso. O debate foi bastante acalorado", explicou Kim, sem dar mais detalhes sobre os pontos problemáticos.
"O debate está sendo tão acalorado que quando entrei na sala onde estavam reunidos, tive que deixar a porta aberta", disse Kim.
Após a maratona de 14 horas de terça-feira, as discussões do G20 antes do início da cúpula continuam nesta quarta-feira, segundo o porta-voz da presidência sul-coreana.
A presidente eleita, Dilma Rousseff, chegou por volta de 12h50 (horário local) desta quarta-feira a Seul.

O presidente dos EUA, Barack Obama, também já está na capital sul-coreana para o encontro.
Notas de dólar e iuan em Banco de Seul, nesta quarta. (Foto: Lee Jae-won/Reuters)
O G20 é integrado por União Europeia (UE), Grupo dos Sete (Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Reino Unido, Itália e França), Coreia do Sul, Argentina, Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia e Rússia, que juntos são responsáveis por 85% da economia do planeta.
A Espanha também participará da cúpula de Seul, na condição de país convidado.
Os Estados Unidos acusam a China de manter sua moeda desvalorizada tornar seus preços mais competitivos no comércio internacional, e querem que os grandes países exportadores aceitem, por meio de um acordo no G20, limitar o excedente comercial de suas balanças comerciais a uma porcentagem determinada pelo PIB.
Mas Alemanha e China rejeitam a iniciativa e, junto com o Brasil, acusam Washington de ameaçar a recuperação mundial com o enfraquecimento do dólar, em particular depois do anúncio do Federal Reserve, na semana passada, de uma nova injeção de 600 bilhões de dólares para estimular a atividade nos EUA.
Juro baixo
E se na Europa a preocupação é com o euro fortalecido, na América Latina e na Ásia teme-se que, com a taxa de juros extremamente baixa dos Estados Unidos, os dólares do Fed acabem inundando os mercados emergentes, cujo rendimento mais alto previsivelmente atrairá os investidores - o que pode criar uma bolha especulativa.
Deverá haver outra reunião nesta quarta-feira, mas por enquanto a falta de acordo sobre temas como a desvalorização de divisas, a expansão monetária dos Estados Unidos e a brecha que existe entre o superávit dos emergentes e o déficit dos mais ricos, deixou "espaços em branco" na minuta do comunicado final da cúpula.
No entanto, existem outros temas nos quais há avanços, como a reforma da partilha de poder no Fundo Monetário Internacional (FMI), que já foi aprovado pelo Conselho Executivo do organismo, o investimento em desenvolvimento e a mudança climática.
A ameaça de uma "guerra de divisas" - como batizou há semanas o ministro da Fazenda, Guido Mantega - poderá ofuscar estes acordos se a reunião do G20 não conseguir chegar a consensos em outros temas.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Bric's

BRIC

Desde 2002, a economia mundial vive uma fase de crescimento generalizado, a média nos dois últimos anos foi em torno de 5,5%. Esse crescimento econômico mundial aconteceu devido a diversos fatores como: abertura do mercado mundial, elevação de consumo e aumento de crédito.
Porém, para os próximos anos, as perspectivas de crescimento econômico são menos favoráveis, ou seja, possivelmente menos prosperas em relação ao que tem acontecido na economia mundial nos últimos anos. Nesse contexto, as principais economias mundiais tendem a perder espaço e competitividade em alguns setores do mercado internacional, abrindo assim possibilidade de ascensão para outras nações.
Essas novas possibilidades de destaque na economia mundial para as próximas décadas são vistas em um grupo de países menos desenvolvidos que podem ascender como países economicamente fortes. Baseado nessa tese, o economista Jim o’ Neill, Chefe de pesquisa econômica global do banco de investimentos Goldm an Sachs, criou a sigla BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), que representa um seleto grupo de países com potencial econômico industrial que podem se tornar os destaques da economia mundial nas próximas décadas.
De acordo com as projeções do banco Goldm an Sachs, esses quatro países terão um expressivo crescimento de PIB e renda per capita nas próximas décadas, superando inclusive algumas nações do G6 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália).
Conforme dados de um estudo divulgado pelo Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara de Deputados Federais, esses países que compõem o BRIC possuem economias de proporções continentais e estão procurando posicionar-se estrategicamente para tirar o máximo proveito do processo de inserção ao mercado internacional, fazendo deste uma ferramenta primordial para obter o êxito econômico.
Vale destacar que, atualmente, Índia e China, que gozam de um imenso mercado de consumo interno e um vasto parque industrial, já despontam com altas taxas de crescimento econômico nos últimos anos. A Rússia possui um avançado parque industrial, além de ser um grande fornecedor de matéria prima e exportador de petróleo. Já o Brasil que se destaca como grande exportador no setor de agronegócio, também possui uma desenvolvida e ampla industria nacional, além de ser a grande aposta na pesquisa e produção de Biocombustíveis.


Política interna

No fim de abril de 2008, a agência de classificação de risco de investimento financeiro Standart & Poor`s elevou o Brasil para o “grau de investimento” no mercado internacional. Essas avaliações, feitas por agencias especializadas em análise de risco econômico, são fundamentadas nas condições do mercado internacional, na situação econômica vivida pelo país e na opinião de outras agências e economistas. O “grau de investimento” é a classificação maior concedida pelas agências de classificação de risco de investimento. Com a nova classificação, o Brasil poderá ser o destino de grandes quantias de dinheiro dos maiores investidores internacionais.
A Standart & Poor`s comunicou que a elevação do grau do Brasil deve-se a principalmente as ações econômicas do governo, ao cumprimento dos índices de superávit primário, a estabilidade econômica vivida pelo país e a queda drástica da dívida externa, anunciada em fevereiro de 2008, no qual, de acordo com os dados do governo, as reservas cambiais, somadas as créditos privados no exterior, superaram os valores da dívida externa pública e privada. Entretanto a Standart & Poor`s fez ressalvas sobre a dívida pública interna do governo brasileiro, que ainda é considerada alta, e aos problemas de infra-estrutura que o país enfrente e impede que o Brasil alcance maiores índices de crescimento econômico.
“Brasil sobe uma posição e ocupa 6º lugar na economia mundial, diz Bird
O Brasil ganhou uma posição e agora ocupa o sexto lugar na economia mundial, segundo ranking do Banco Mundial, que divulgou nesta terça-feira os dados do PCI (Programa de Comparação Internacional), que analisa as economias de 146 países.
De acordo com o Banco Mundial, levando-se em conta a paridade do poder de compra, o Brasil responde por metade da economia da América do Sul. Com o equivalente a cerca de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial nesta medição, o Brasil divide o sexto lugar ao lado do Reino Unido, França, Rússia e Itália.
Segundo explicação do Banco Mundial, o Brasil subiu de lugar por conta de uma nova metodologia de avaliação. A Paridade do Poder de Compra (PPP, na sigla em inglês), que expressa por meio dos valores das moedas locais indica o que é possível comprar, tomou o lugar da chamada medida cambial, que tradicionalmente converte o PIB do país em dólares.
Na medida convencional (cambial), o Brasil seria a sétima economia, ao lado da Índia, Rússia e México, que como o Brasil, também respondem por 2% do PIB mundial cada.
"Os números passaram a refletir o valor real de cada economia, com as diferenças corrigidas em níveis de preços, sem a influência de movimentos transitórios de taxas cambiais", explica o Banco Mundial.
Apesar de o Banco Mundial colocar o Brasil em sexto, empatado com Reino Unido, França, Rússia e Itália, ao se verificar os números absolutos de participação no PIB mundial, sem arredondamento para 3%, o Brasil continuaria apenas em décimo.
De acordo com o relatório, enquanto o Brasil respondeu por 2,88% das riquezas produzidas no mundo em 2005 (ou US$ 1,585 trilhão), o Reino Unido respondeu por 3,46% (US$ 1,901 trilhão); a França, 3,39% (US$ 1,862 trilhão); a Rússia, 3,09% (US$ 1,697 trilhão); e a Itália, 2,96% (US$ 1,626 trilhão).
EUA na ponta
Como já era esperado, a maior economia do mundo ainda é a dos Estados Unidos - ela, porém, está menor que no passado. Em seguida aparece a China, que pelas novas pesquisas subiu de quarto para segundo lugar.
De acordo com os dados, pelo sistema cambial os EUA têm 28% do PIB mundial, mas pela regra da paridade, apontada como mais realista pelo Bird, o país tem 23%. Na China, levando-se em conta o método do poder de compra, a participação é de 10%; pelo cambial, fica em 5%.
Ao todo, a economia mundial produziu US$ 55 trilhões em mercadorias e serviços em 2005. Deste total, cerca de 40% vieram de países em desenvolvimento --China, Índia, Rússia, Brasil (Brics) e México responderam juntos por quase 20%.

Confira o ranking do Banco Mundial segundo a capacidade de compra
1. Estados Unidos
2. China
3. Japão
4. Alemanha
5. Índia
6. Brasil, Reino Unido, França, Rússia e Itália

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Blocos econômicos : Evolução da União Européia e a suposta soberania compartilhada

UNIÃO EUROPÉIA
Vale relembrar geografia e história são indissociaveis por isso é importante entender a evolução dos processos como um todo, desde o seu embrião e sua conjuntura temporal de ocorrência.

A origem da União Européia está ligada ao Plano Schumam, de 1950, que propôs o início do processo econômico de integração européia. Na época, os países europeus viviam o período do pós-guerra e, dentro do processo de reconstrução, precisavam reestruturar seus parques industriais.
Em 1951, França, Itália e Alemanha Ocidental criaram a Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA), através do Tratado de Paris. O objetivo principal da CECA era integrar a industria pesada aos mercados consumidores, baixar os preços, incentivar a produção local e diminuir a influência norte-americana dentro do continente europeu.
Com a finalidade de ampliar a idéia de integração econômica e estabelecer um mercado comum europeu, Alemanha Ocidental, França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo fundaram a Comunidade Econômica Européia (CEE), em 25 de março de 1957, através do Tratado de Roma. Seguindo precocemente a tendências econômicas de integração neoliberalistas, a CEE estipulou taxas alfandegárias comuns aos países membros e buscou consolidar projetos de desenvolvimento econômicos e de infra-estrutura para facilitar a livre circulação de mercadorias dentro do bloco.
Com a intenção de promover a unidade política e econômica da Europa, reduzir as desigualdades sociais econômicas do continente, fomentar o desenvolvimento comercial e melhorar as condições de livre comércio; foi assinado, em 1992, o Tratado de Maastricht , que, entre outros pontos, modificou a denominação da CEE para União Européia (EU), dando a esta um sentido mais amplo no conceito de bloco econômico.
Em 1º de janeiro de 2002, foi posto em vigor o Euro, moeda única para os países membros da EU que optassem em adota-la. Dos 27 países que hoje compõem o bloco econômico europeu, 15 já utilizam o Euro como moeda oficial, Euro que, em menos de uma década, já se tornou uma das moedas mais valorizadas no mundo e referencia no mercado internacional. O maior desafio enfrentado pela EU nos últimos anos foi a tentativa de implementação de uma constituição única para todos os países membros do bloco europeu. O projeto constitucional inicial da EU ficou pronto em julho de 2003, no ano seguinte o projeto constitucional europeu sofreu algumas modificações por parte do Conselho Europeu, composto pelo presidente da comissão européia juntamente com os Chefes de estado e governo dos países membros. De acordo com o projeto, para que a referida constituição tivesse efeito de fato, seria necessária a ratificação por parte dos países que compõem a UE. Esse processo de ratificação encontrou diferentes formas, de acordo com as regras previstas de cada país. Alguns optaram pela aprovação parlamentar, outros pelo referendo popular.
Países como Áustria, Estônia, Hungria e Suécia aprovaram o texto constitucional europeu através de votação parlamentar, outros, como Bélgica, Dinamarca, Irlanda e Polônia também aprovaram a constituição, só que através de referendo. O Grande problema foi que a população de países como França e Holanda não ratificaram o projeto constitucional europeu, gerando assim um enorme mal
estar na EU. Esse fato demonstrou a incapacidade do bloco de decidir conjuntamente utilizando o poder de veto de seus países membros, ou seja, quando um único dos 27 membros não concordava, ele poderia vetar todo o processo.
Essa crise política acabou levando a assinatura do Tratado de Lisboa, em 13 de dezembro de 2007, que substituiu a constituição da União Européia e conferiu a esta personalidade jurídica própria em nível de comunidade de nações, ou seja, atuou como um instrumento de reforma institucional da União Européia. Esse tratado, que também prevê a necessidade de ratificação por parte de seus países membros até dezembro de 2008, substituiu o projeto constitucional europeu e criou emendas nos tratados da Comunidade Européia (Tratado de Roma) e da União Européia (Tratado de Maastricht) sobre o funcionamento da EU:
- Criou o cargo de presidente da EU;
- Criou o cargo de alto representante da União Européia para relações exteriores e política de segurança comum;
- Maior eficiência no processo de tomada de decisão - a votação por maioria qualificada no Conselho será alargada a novas áreas políticas para acelerar o processo de tomada de decisão e reforçar a sua eficiência em substituição ao sistema de poder de veto;
- Aumentou o poder decisório do parlamento europeu - o Parlamento Europeu, diretamente eleito pelos cidadãos da União Européia, terá novos poderes importantes no que se refere à legislação e ao orçamento da União Européia, bem como aos acordos internacionais. Em especial, em relação à maior parte da legislação da União Européia, o recurso mais freqüente à co-decisão no processo de decisão política colocará o Parlamento Europeu em pé de igualdade com o Conselho;
- Aumentou o papel dos parlamentares nacionais em ações conjuntas – os parlamentos nacionais terão mais oportunidades de participar no trabalho da União. Em conjunto com o maior peso do Parlamento Europeu, a participação dos parlamentos nacionais reforçará a democracia e conferirá uma legitimidade acrescida ao funcionamento da União;
- Reconhecimento de iniciativa popular - um grupo de, pelo menos, um milhão de cidadãos de um número significativo de Estados-Membros poderá solicitar à Comissão que apresente novas propostas políticas;
- O fato de a União Européia passar a ter uma personalidade jurídica única irá reforçar o seu poder de negociação, contribuindo para um aumento da sua influência na cena mundial e tornando-a mais visível para os outros países e as organizações internacionais; e
- Maior integração policial / judicial entre os países membros.
Para os que acompanham as tematicas do Blog, é dificil afirmar que o quinto estágio de integração - União política e econômica - vem sendo buscado , mas quando quetões semelhantes a dos ciganos recentemente expulsos da frança (apesar de serem em sua maioria europeus e integrantes do espaço Shegen, e as discussões sobre reformas previdenciárias
questôes ambientais como por exemplo a da lama tóxica na hungria que tende a chegar ao Rio Danúbio que banha varios paises a jusante
dificultam demasiadamente o estabelecimento do último estágio de integração.

sábado, 2 de outubro de 2010

Atualização - MERCOSUL

MERCOSUL

A formação do Mercado Comum do Sul (Mercosul) surgiu da conjugação de circunstâncias políticas e econômicas do contexto interno e externo que conduziram à aproximação geopolítica entre o Brasil e a Argentina. Essa aproximação redirecionou as relações entre esses países, até então caracterizadas pela tradição de rivalidade.
As condições prévias para a formação do bloco econômico no Cone Sul foram: a redemocratização da Argentina em 1983 e do Brasil em 1984, no aspecto político; e no aspecto econômico, as pressões internacionais do neoliberalismo e da globalização na implantação de medidas de abertura de mercado.
O Mercosul foi projetado para ter a missão de funcionar como instrumento de adaptação ao novo ambiente econômico internacional e, simultaneamente, atrair investimentos externos interessados na ampliação da abertura dos mercados internos dos membros nas áreas industriais e de prestação de serviços. O passo inicial de aproximação foi o encontro dos presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín em novembro de 1985, realizado na cidade de Foz do Iguaçu. A Ata de Iguaçu, documento formulado na reunião, foi o ponto de início de uma nova era nas relações políticas e econômicas entre Brasil e Argentina.
Em março de 1991, foi assinado o Tratado de Assunção, que ampliou para quatro o número de países participantes, incluindo o Paraguai e o Uruguai. Esse tratado estabeleceu duas metas bases no processo de consolidação do bloco econômico. A primeira foi a criação de uma zona de livre comércio, eliminando as barreiras alfandegárias para a circulação de mercadorias no interior do bloco.
A segunda foi a formação de uma união alfandegária entre os membros com a adoção de uma tarifa externa comum. Essa tarifa externa comum é usada pelos países-membros sobre produtos importados de países fora do Mercosul ou de outros blocos econômicos.


“Tratado para a constituição de um mercado comum entre a República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do Uruguai (...)
Artigo 1o - Os Estados Partes decidem constituir um Mercado Comum, que deverá estar estabelecido a 31 de dezembro de 1994, e que se denominará “Mercado do Sul” (Mercosul).
Este mercado comum implica:
A livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre outros, da eliminação dos direitos alfandegários e restrições não-tarifárias à circulação de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalente;
O estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial comum em relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros econômicocomerciais regionais e internacionais;
A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes – de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegárias, de transportes e comunicações e outras que se acordem – a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes, e o compromisso dos mesmos de harmonizar suas legislações, nas áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração.(...)
Cidade de Assunção, aos 26 dias do mês de março de 1991(...).”


Em dezembro de 1994, foi assinado o Protocolo de Ouro Preto que definiu a estrutura institucional do Mercosul, ou seja, foi a criação de órgãos intergovernamentais, constituídos por representantes dos países-membros, que atuam na regulamentação do funcionamento das relações internas e externas do Mercosul.
O órgão superior é o Conselho do Mercado Comum (CMC) seguido da Comissão Parlamentar Conjunta que tem por objetivo fazer uma relação entre as leis do bloco e as leis nacionais, evitando assim problemas jurídicos.
Observando-se as características do Mercosul, percebe-se que o perfil institucional está direcionado à integração econômica dos seus países-membros, não havendo a chamada soberania compartilhada, como acontece na União Européia. Ou seja, é importante observar que, enquanto a Europa caminha-se para uma integração político-econômica, o Mercosul mantém-se no contexto comercial. Porém, no aspecto político, o Tratado de Assunção estabelece a obrigatoriedade da manutenção da democracia como regime político a ser mantido entre os membros, assim como da liberdade individual e do respeito aos direitos humanos.
Em 1996, o Mercosul deu o seu primeiro passo para uma possível ampliação na integração dos países do Cone Sul; foi o acordo com o Chile e a Bolívia formando parcerias comerciais. Este foi um importante passo no alargamento das relações comerciais do bloco.
Em 25 de agosto de 2003, o Presidente Luis Inácio Lula da Silva, acompanhado dos chanceleres do Paraguai, do Uruguai e da Argentina assinaram um acordo de complementação econômica entre o bloco do MERCOSUL e o Peru. A intenção de assinar um acordo que assentou o Peru como país associado, teve a intenção de aproximar o MERCOSUL da Comunidade Andina de Nações (CAN) composta também por Colômbia, equador e Venezuela.
Logo depois, os demais países da CAN formalizaram suas adesões como estados associados em 2004, através do acordo de complementação econômica MERCOSUL – Colômbia, Equador e Venezuela.
Em 2004, começou a funcionar o Tribunal Permanente de Revisão (TPR) do Mercosul. Nascido do Protocolo de Olivos (2002), o tribunal tem por objetivo maior julgar a legalidade das decisões entre estados que se envolvam em controvérsias.
De acordo com o Protocolo de Olivos, em caso de algum tipo de crise entre estados pertencentes ao MERCOSUL, O tribunal deverá ser composto por juristas que tenham conhecimento do conjunto normativo do MERCOSUL.
Para tentar diminuir as diferenças entre os países membros do MERCOSUL, equilibrar as relações comerciais internas e sanar as debilidades econômicas e de infra-estrutura das chamadas economias menores, Paraguai e Uruguai; foi criado o Fundo de Convergência Estrutural do MERCOSUL (FOCEM). Fundo que, começou a funcionar de fato, em 2004, após a Reunião de Cúpula de Ouro Preto, e consta com cerca de US$ 100 milhões anuais destinados a projetos de infra-estrutura nos países economicamente menos competitivos do MERCOSUL, o FOCEM é na verdade um mecanismo para reduzir as assimetrias existentes dentro do bloco. Os projetos devem passar primeiro pela apreciação da Comissão de Representantes Permanentes do MERCOSUL (CRPM) e depois devem ser submetidas ao Conselho do Mercado Comum (CMC).
A estabilização das economias do Brasil e da Argentina, durante a década de 90, contribuiu muito para o aumento das exportações do Mercosul no comércio internacional. A consolidação do Mercosul fez aumentar em 400% o comércio interno entre os países-membros, enquanto que, no mesmo tempo, o comércio com os EUA não aumentou mais que 20%.
Hoje o Brasil representa cerca de 50% do produto interno bruto (PIB) do Mercosul; com isso percebe-se que o crescimento do bloco como um todo no cenário comercial internacional acabou beneficiando principalmente o Brasil. A entrada da Venezuela, em 2006, como país-membro, fortaleceu o bloco, pois ela representa, em primeiro lugar, uma potência energética, possuindo a maior reserva de petróleo e gás natural da América do Sul e segundo que a Venezuela está estrategicamente próxima dos países da América Central, México e EUA.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Relações Exteriores, com a adesão formal da Venezuela ao Mercosul como país-membro(porém ainda não completamente integrado), o bloco passou a ter, aproximadamente 260 milhões de habitantes, com um produto interno bruto (PIB) de cerca de US$ 2 trilhões, numa área de 12,7 milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a mais de quatro vezes a área da União Européia sem contar com seus membros associados;Equador que essa semana sofreu uma grande crise, além de Bolivia e Chile
Foi assinado, em 03 de dezembro de 2007, a Ata de criação do Banco do Sul, que tem o objetivo de atender a todas as nações da América Latina, ou seja, pretende ser uma alternativa ao FMI e ao Banco Mundial (BIRD). Segundo o estipulado na reunião de criação, realizada em Buenos Aires, o Banco do Sul financiará projetos de infra-estrutura regional e de empresas privadas da América Latina.(UNASUL)
Observando o contexto vivido na América Latina, percebe-se que o surgimento do Banco do Sul pode ser apontado como um início de um direcionamento de aproximação entre a Comunidade Andina de Nações e o Mercosul, formando assim a União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).
A UNASUL terá cerca de 12 países participantes (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Chile, Guiana e Suriname), um PIB de US$ 4.224.903 Milhões e um mercado interno de aproximadamente 366.669.975 de pessoas. Esse novo bloco econômico poderá ajudar muito os países sul americanos como um todo, já que terá um enorme peso em negociação com outros blocos ou mesmo na OMC.
Já existem inclusive projetos de integração de rodovias, hidrovias e ferrovias entre os futuros países membros, assim como a interconexão energética e até um possível conselho sul americano de defesa para a elaboração de políticas de defesa conjunta.
O Mercosul reflete a tendência da globalização na regionalização do comércio. Seguindo a ideologia neoliberalista, os países-membros do Mercosul internacionalizam suas economias, privatizam suas estatais, diminuem o papel do Estado na sociedade e rendem-se aos investimentos externos do capital especulativo.

OS PROBLEMAS DO MERCOSUL

No processo de evolução do Mercado Comum do Sul, um dos maiores problemas enfrentados foi a desigualdade estrutural entre as economias do Brasil e da Argentina.
O impacto causado pela superioridade de alguns produtos argentinos atinge a agropecuária brasileira. Hoje a produção bovina do pampa gaúcho está em decadência, fruto da concorrência argentina. Por outro lado, a indústria brasileira é bem mais diversificada e tecnologicamente superior ao parque industrial argentino; com isso, hoje existe uma verdadeira invasão de produtos eletrônicos e siderúrgicos do Brasil no mercado interno argentino.
Porém, o principal problema que atingiu as relações internas do Mercosul foi a diferença das políticas cambiais do Brasil e da Argentina. Desde 1999, o Brasil adotou o câmbio flutuante em relação ao dólar, enquanto a Argentina até o ano de 2002 mantinha o câmbio fixo que igualava o peso argentino ao dólar. Como o real desvalorizou, os produtos brasileiros destinados à exportação tornaram-se mais atraentes no mercado internacional. Isso acabou criando um desequilíbrio comercial entre Brasil e Argentina que prejudicou a balança comercial da Argentina.
Esses direcionamentos cambiais diferenciados fizeram com que os valores entre as moedas fossem relativos e acabaram provocando instabilidade comercial.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

França e a suposta soberania compartilhada.

É de conhecimento geral que a frança é um páis muito importante no âmbito da UE SABEMOS TAMBÉM DE SUA IMPORTÂNCIA GEOPOLITICA E ECONÔMICA, porém epsódios recentes como a expulsão de ciganos e a proibição do uso da burca desagradaram demasiadamente seus principais parceiros do bloco.A incapacidade do Estado Francês em desenvolver uma política eficiente que integre os imigrantes está fortemente baseada no desejo de promover a homogeneidade numa nação “única e indivisível”, que na verdade é impossível de se realizar, a não ser que Sarkozy assuma de vez o seu desejo de restaurar o velho e detestável Império francês. As identidades dentro das nações são instáveis e é muito difícil uma comunidade cultural coincidir com uma entidade política, tornando impossível buscar a realização daquilo que se chama “França autêntica”.

Em meio à crise política (corrupção e financiamento de campanha eleitoral) que atinge o seu governo, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, considerou uma vitória importante no Parlamento a aprovação, por 335 votos a favor e um contra, a lei que proíbe o uso do niqab e da burca pelas mulheres muçulmanas. Por que uma questão privada que afeta poucas pessoas na França ressurge como um foco de atenção exagerada? Por que religião e etnia saíram da esfera pessoal e tornaram-se públicas? O fato é que se estabeleceu na França um forte vínculo entre identidade e migração.

As polêmicas sobre o tema da identidade nacional são, antes de tudo, o medo do "outro", do não europeu. Os islâmicos são percebidos cada vez mais por europeus "brancos" não apenas como uma ameaça aos seus empregos, mas, sobretudo, uma ameaça ao “estilo de vida europeu”. será então que a visão democratica francesa caiu em desuso?


Diferentemente da campanha presidencial em 2005, em que os temas principais eram o desemprego e questões sociais, em 2007, o líder da extrema direita Jean-Marie Le Pen, pode assistir com satisfação a questão da “identidade nacional” assumir o primeiro plano nos debates entre os candidatos. Alguns chegam a especular que as razões da catastrófica atuação da equipe francesa, dentro e fora de campo na África do Sul, refletem as profundas transformações da sociedade francesa. Pois, se em 1998 a França pode celebrar orgulhosa a imagem de Zidane (capitão francês de origem argelina) erguendo a taça de campeão do mundo, revelando a integração de uma nação multi-etnica; no início desse ano, a equipe francesa foi vaiada por uma grande parte da torcida, de filhos ou netos de argelinos, quando jogava uma partida de futebol contra Argélia em Paris.

Apesar desse debate sobre crise da identidade nacional francesa ser indicativo de uma conjunção de fatores que atinge toda a Europa (globalização, crise financeira, desemprego, a ascensão da Ásia, etc), e que tende a se intensificar à medida que se perde a confiança em sua capacidade de superar os desafios, no caso da França a frustração tem levado a uma nostalgia do passado.

Pela primeira vez na história, soldados de 13 países africanos que pertenceram ao antigo império colonial francês marcharam na avenida Champs-Elysees, à frente das tropas francesas nas comemorações do Dia da Bastilha em Paris. Várias organizações da sociedade civil francesa protestaram contra as violações dos direitos humanos por alguns dos líderes africanos que estavam presente e acusaram Sarkozy de nostalgia colonial. Na ocasião Sarkozy anunciou aumento das pensões dos veteranos africanos para o mesmo nível que as dos franceses para corrigir uma injustiça. (os combatentes da 2ª Guerra Mundial estão agora com idades que variam entre 84 e 95 anos).

O
No momento da celebração da vitória dos aliados os soldados africanos foram escondidos em lugares que pareciam verdadeiros campos de refugiados, pois De Gaulle queria uma celebração “mais branca”. Aqueles que ousaram tremular a bandeira da Argélia entre as bandeiras dos EUA, Inglaterra e França foram massacrados.

Os franceses criaram um mito e querem que acreditemos que ele existe como se fosse uma realidade: o Estado-Nação. Uma maioria acreditava que esse era o melhor caminho para consolidar e legitimar o governo sobre uma população que se caracteriza por uma língua comum ou por seu caráter étnico. O problema é que as identidades dentro das nações são instáveis e é muito difícil uma comunidade cultural coincidir com uma entidade política, tornando impossível buscar a realização daquilo que se chama “França autêntica”. A incapacidade do Estado Francês em desenvolver uma política eficiente que integre os imigrantes está fortemente baseada no desejo de promover a homogeneidade numa nação “única e indivisível”, que na verdade é impossível de se realizar, a não ser que Sarkozy assuma de vez o seu desejo de restaurar o velho e detestável Império francês.

a questão é qual a validade dos imigrantes para economia francesa:
a)em periodo de crise : culpa pela desemprego de cidadãos genuinamente franceses
b)em periodo favoraveis : solução para o défict de mão de obra nos setores menos atrativos do mercado(limpeza,construção civíl, táxis).
sendo assim , já passa da hora do governo Francês buscar consenso em questões diplomática isso traz á tona a suposta continua soberania compartilhada , que ao meu ver uma verdadeira utopia em relãção ao formato de integração entre blocos econômicos.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

simulado enem

1)

Nego drama,
Entre o sucesso e a lama,
Dinheiro, problemas,
Inveja, luxo, fama.
Nego drama,
Cabelo crespo,
E a pele escura,
A ferida, a chaga,
A procura da cura.
Nego drama,
Tenta ver
E não vê nada,
A não ser uma estrela,
Longe meio ofuscada.
Sente o drama,
O preço, a cobrança,
No amor, no ódio,
A insana vingança. Nego drama,
Entre o sucesso e a lama,
Dinheiro, problemas,
Inveja, luxo, fama.
Nego drama,
Cabelo crespo,
E a pele escura,
A ferida, a chaga,
A procura da cura.
Nego drama,
Tenta ver
E não vê nada,
A não ser uma estrela,
Longe meio ofuscada.
Sente o drama,
O preço, a cobrança,
No amor, no ódio,
A insana vingança.
Nego drama,
Eu sei quem trama,
E quem tá comigo,
O trauma que eu carrego,
Pra não ser mais um preto fudido.
O drama da cadeia e favela,
Túmulo, sangue,
Sirene, choros e vela.
Passageiro do brasil,
São paulo,
Agonia que sobrevivem,
Em meia as zorras e covardias,
Periferias,vielas e curtiços,
Você deve tá pensando,
O que você tem haver com isso,
Desde o início,
Por ouro e prata,
Olha quem morre,
Então veja você quem mata,
Recebe o mérito, a farda,
Que pratica o mal,
Me vê,
Pobre, preso ou morto,
Já é cultural.



A passagem acima retrata o cotidiano dos grandes centros urbanos Brasileiros, o cabedal lexo referente a problemática é representado por :

a) isatisfação , integração , sub moradia
b) preconceito, Violência , abismo social
c) trafico de drogas , emprego temporário e movimentos pendulares
d) favelização, estágios remunerados, consumo de drogas .
e) ambição, intolerância , trabalho formal .

2) Após nova e desgastante reunião em Brasília, centrais sindicais e governo federal atravessaram a noite negociando o acordo que define o reajuste dos aposentados e pensionistas do INSS que ganham acima do salário mínimo. E chegaram a consenso: o reajuste será de 6,19% em 2010, com aumento real de 2,55%. O mínimo será reajustado em 8,9%.

A proposta feita pelas representações de segurados foi aceita pelo governo. “Em 2010 e 2011, a correção será feita pelo INPC (inflação) mais 50% da variação do PIB. “Foi ótimo”, avaliou o presidente do Sindicato dos Aposentados, João Batista Inocentini. O percentual pode ser pouco maior e se aproximar de 7%, dependendo da inflação. O cálculo leva em conta a previsão de variação de 3,64% até o fim deste ano.


Foi aprovado pacote de benefícios para trabalhadores, relacionados à aposentadoria. Aqueles que receberam seguro-desemprego ou estiveram em aviso prévio terão esse tempo contado para a aposentadoria. Trabalhador que estiver a 12 meses da aposentadoria não poderá ser demitido.
A principal alegação para o fato de o governo querer retardar a incorporação do reajuste é explicado por :
A) baixa taxação aos idosos
B) b) sujeição ao prolongamento do IPI .
C) c) aumento do PIB
D) d)elevação da expectativa de vida e, consequentemente declínio de caixa da previdência social.
E) e)aumento substancial das taxas de natalidade garantindo renovação demográfica .
3)Nos EUA, produção de bioetanol consome 3 vezes mais água que o previsto
No país, combustível é processado a partir de milho.
Dependendo do cálculo, impacto sobre fontes é 8 vezes maior.
Cientistas do Departamento de Engenharia de Bioprodutos e Biossistemas da Universidade de Minnesota afirmam que a produção de bioetanol – que nos Estados Unidos é predominantemente obtido de milho – consome três vezes mais água do que o estimado inicialmente. O estudo foi publicado na “Environmental Science & Technology”. O problema ganha contornos ainda mais preocupantes considerando a tendência de escasseamento de fontes de água em muitas áreas dos EUA, avaliam os especialistas.
A produção americana anual de bioetanol é atualmente de 34 bilhões de litros por ano. Estudos anteriores calcularam que um galão (3,78 litros) de bioetanol de milho demanda 995 a 2.968 litros de água. As estimativas, porém, falharam por não abranger as variações regionais nas práticas de irrigação, concluíram os cientistas, liderados por Sangwon Suh.
Com informações detalhadas sobre como funciona a irrigação em 41 estados americanos, eles revisaram o impacto da produção de bioetanol sobre o consumo de água e chegaram a um número bem maior: 7.949 litros de água para cada galão de bioetanol de milho, dependendo do sistema de irrigação empregado. Em 2007, o consumo total de água na produção de bioetanol teria chegado a 3,2 trilhões de litros.
Em comparação as produção de etanol brasileira a relaçao com a produção norte aerica é cosiderada :
a)Superior em relação a lucratividade
b)iferior em relação a produtividade e lucratividade
c)tem pouca influencia no ciclo hidrológico natural .
d)Não necesita de grandes ivestimetos
e)para obtenção de cinco litros utiliza 38,3 litros dágua 5) Porém nem tudo são flores .

4)Governo vai impedir produção de cana na Amazônia e no Pantanal
Zoneamento agroecológico da cana deve ser anunciado em setembro.
O plantio também não será permitido na região da Bacia do Alto Paraguai.
Jeferson Ribeiro
O governo já bateu o martelo sobre o novo zoneamento agroecológico da cana de açúcar, que não vai permitir a extensão da produção dessas lavouras nas áreas da Amazônia e do Pantanal. Com isso, mais de 81% do território nacional ficam bloqueados para a produção de cana.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu os ministros da Agricultura, Reinold Stephanes, e do Meio Ambiente, Carlos Minc, para fechar questão sobre o tema. As novas regras devem ser divulgadas até meados de setembro. O governo ainda não sabe se o zoneamento será regido por um decreto presidencial ou por um projeto de lei. Segundo integrantes do governo, o novo zoneamento só vale para as futuras áreas de expansão do plantio. Ou seja, áreas já cultivadas na região do bioma Amazônia e do Pantanal não serão bloqueadas.
O G1 apurou com um dos participantes da reunião que os ministro superaram as divergências sobre a ampliação da área permitida para receber plantio de cana no país. O objetivo do zoneamento é apontar as áreas em que a produção da cana pode ser expandida até 2017.
Pelos cálculos do governo, cerca de 8 milhões de hectares do território brasileiro são usados para plantar cana, pouco menos de 1% do total da área plantada no país. Por acreditar num aumento expressivo do mercado externo para os biocombustíveis nos próximos anos, o governo pretende que a produção de cana dobre nos próximos anos. E, por isso, está fazendo um zoneamento agroecológico que permite a ampliação da área plantada, que segundo os estudos governamentais pode crescer em até 7 milhões de hectares nos próximos oito anos.

A passagem acima refere – se

a) ao preservacionismo do bioma costeiro
b) ao aumeto da área de plantio da cana sem restrições ambientais
c) ao desenvolvimento sustentável das áreas de extração de borracha na Amazônia ocidental
d) ao “não” do preservacionismo governamental a possível expansão da fronteira agrícola da cana.
e) construção de estradas para expansão do cultivo da cana

5) A Floresta Amazônica representa uma comunidade clímax e, por isso, tem como características, EXCETO

a) abundante biomassa.
b) alta diversidade.
c) teias alimentares complexas.
d) alto nível de fertilidade do solo.
e) taxa de fotossíntese igual à taxa de respiração.
6) Unasul militarizada
A União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que começa hoje em Bariloche, na Argentina, é o destaque internacional dos grandes jornais. A Folha (para assinantes) informa que os 12 presidentes reunidos poderão acertar um mecanismo no Conselho de Defesa para trocar e catalogar informações de estratégias militares e de compra de armamentos de cada país. É o chamado “projeto de transparência”. Na última reunião, no mês passado, o clima ficou um tanto belicista com as trocas de acusações entre Hugo Chávez, da Venezuela, e Álvaro Uribe, da Colômbia (que não estava presente), devido à presença norte-americana nas bases militares da Colômbia. Uribe havia acabado de denunciar que armas que pertenciam ao governo da Venezuela haviam sido encontradas em acampamentos de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou para Chávez ontem pedindo calma e cautela no encontro com Uribe logo mais, diz o Estadão.
Entre um dos principais entraves a ser resolvido pelo Brasil,no âmbito da Criação da Unasul estar em intermediar um possível conflito entre países membros e sua política de alianças,
A passagem refere-se a :
a)Inglaterra e Argentinas e as ilhas falklands
b)Bolívia e Venezuela ,a construção de gasodutos
c)Venezuela e Honduras, sucessão presidencial
d)Venezuela e Colômbia instalação de bases norte americanas
e)Cuba e EUA , socialismo ainda existente na ilha .

7) Energia brasileira mais suja
A emissão de gás carbônico na geração de energia elétrica do país cresceu 30% acima do consumo de energia. Esse é o fenômeno conhecido como energia suja e que coloca as usinas térmicas a óleo diesel e carvão – apontadas pelo Ministério do Meio Ambiente como principais responsáveis pelo aumento da emissão do gás – no alvo da política de redução de gases de efeito estufa. Segundo a Folha (para assinantes), o dado acende um sinal amarelo para o Brasil, que tem como intenção se posicionar como potência verde nas negociações do encontro sobre clima em Copenhague, em dezembro. Para se ter uma ideia, o percentual do aumento na emissão de gases das termoelétricas superou o do setor de transportes, o que mais queima combustíveis fósseis no Brasil.

Como possível solução aos alto níveis de emissões brasileiras de CO2, temos :

A) subistituir Hidroelétricas por termoelétricas
B) utlização de usinas nucleares em detrimento as termelétricas
C) retirar totalmente as hidrelétricas de funcionamento
D) reforçar o pograma prioritário em termelétricas (2001)
E) utilizar óleos vegetais em detrimento ao etanol .

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

entrevista com o Prof Aziz Ab´Saber

ENTREVISTA COM AZIZ AB'SABER
Questão hídrica: necessidade de estudos e soluções mais eficazes

Geógrafo, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, autor de diversas teorias e projetos inovadores na geografia brasileira, tendo recebido o Prêmio Santista e o Prêmio Almirante Álvaro Alberto, oferecido pelo CNPq, o prof. Aziz Ab'Saber demonstra grande preocupação com meio ambiente.

Em abril deste ano, Ab'Saber declarou que a frase mais triste que já ouviu ao longo de sua vida foi "Mãe, nós não temos mais nada nesse mundo". A frase foi proferida por uma criança para sua mãe, cujo barraco havia desmoronado após um temporal. À época, o professor afirmou que gostaria de repetir tal frase a FHC, ACM, Covas e outros políticos no poder. "As autoridades têm que aprender a complexidade do metabolismo urbano para dar uma solução à cidade", disse. Ab'Saber referia-se a conhecimentos básicos, como quantidades de lixo e esgoto produzidas pela população.

Antes de autoridades se darem conta, Ab'Saber já afirmava que despoluir o rio Tietê é uma grande utopia. "Não adianta querer limpar o rio, pois seus afluentes, pré-poluídos, continuarão nutrindo a insalubridade", afirmou.
Como os grandes geógrafos, Ab'Saber não consegue discorrer sobre a questão hídrica de forma isolada. Tudo no meio ambiente interage, e o papel que se joga no chão hoje, pode ser a gota d'água para inundar as cidades amanhã.

Com Ciência - O Brasil pode ser considerado um país rico em mananciais?
Ab'Saber - O Brasil, por sua extensão territorial e sua posição predominantemente entre os trópicos, com "pequena grande" área subtropical, é um dos países mais beneficiados por rios perenes do mundo. Ainda assim, há uma área de cerca de 750 mil km2 - o nordeste seco -, em que as drenagens são intermitentes. Trata-se de uma região grande, cerca de três vezes o estado de São Paulo. Observado em seu conjunto, o Brasil tem riquezas de recursos hídricos importantíssimos, atingindo seu ápice na Amazônia.

CC- A Amazônia possui reservas de água gigantescas - o suficiente para abastecer 500 milhões de pessoas durante cem anos. Que condições favorecem essa riqueza de recursos?
Ab'Saber - As precipitações dentro do território brasileiro são suficientes para garantir a perenidade de quase 7,5 milhões de espaços territoriais, sobretudo na Amazônia, onde as chuvas anuais variam entre 1600 e 3500 mm por quase 4 milhões de km2. Há regiões mais chuvosas, como Baixo-Amazonas e noroeste da Amazônia, e menos chuvosas, como a faixa transversal que vai de Roraima até as proximidades do Araguai. Mesmo assim, não houve impecilhos para se formar a floresta contínua, devido à colaboração do clima quente e úmido.

CC - Esse fenômeno não ocorre em regiões próximas à Amazônia, como nordeste seco e Brasil central. Quais as diferenças essenciais entre o cerrado (Brasil central) e a caatinga (nordeste seco)?
Ab'Saber - As variedades climáticas em regiões próximas apresentam características próprias. O nordeste seco apresenta drenagens intermitentes sazonais e abertas ao mar e o Brasil central caracteriza-se por clima tropical com uma estação chuvosa e outra relativamente seca, mas rios perenes - essa é a grande diferença entre os domínios dos cerrados e o das caatingas. As médias anuais de chuva no cerrado chegam a ser de duas a três vezes mais que as da caatinga. Para comparar, a região que recebe menos chuva no nordeste seco possui média pluvial anual de 268mm, sendo 850mm o máximo registrado.

CC - Como se comportam as chuvas na região tropical atlântica?
Ab'Saber - No Brasil tropical atlântico, que começa na faixa dos climas tropicais úmidos, na região costeira do nordeste, e vai se alargando na direção da Bahia, os rios são longos e muitas vezes nascem em climas secos e passam para o úmido. A partir do sul de Minas Gerais, essa área se interioriza muito, passando pelo Estado de São Paulo e do Paraná - viabilizando o clima subtropical e úmido deste estado e encerrando-se na porção oriental de Santa Catarina. Quando chega no planalto das araucárias, continua havendo chuva suficiente para manter cursos d'água importantes e perenes.

CC - O Sr. acha que, entre outros motivos, a riqueza hídrica da Amazônia é pólo de atração de interesses estrangeiros?
Ab'Saber - Sim. Uma das razões por que existe grande interesse em fazer o Brasil perder sua soberania sobre a Amazônia é essa. Muitos países não têm mais recursos hídricos disponíveis e, não sei porquê, acham que poderiam transportar para suas terras as águas da Amazônia - o que implicaria um custo imenso.

CC - Mas se há tanta água no Brasil, por que estamos passando por problemas tão sérios, como o racionamento de água da cidade de São Paulo?
Ab'Saber - Não basta verificar as condições de existência de águas em função da natureza climática e da perenidade das drenagens. O problema é mais sério. Trata-se da questão da distribuição de populações urbanas, indústrias, e espaços agrícolas mais importantes, que precisam de água natural e de água para realizar pivô para irrigação em terras mais secas, tornando-as produtivas. Essa distribuição anômala faz com que falte água em muitos lugares, sobretudo nas áreas metropolitanas. A grande São Paulo, por exemplo, tem cerca de 17 milhões de habitantes, enquanto Cuba e outros países têm por volta de 3 milhões. São Paulo, então, requereu, requer e requererá tanta água, que é difícil pensar em uma solução adequada.

CC - Por que o racionamento de água foi adotado? Quais os problemas que o Centro-Sul enfrenta que levaram a essa medida emergencial?
Ab'Saber - As águas nessa região destinam-se a quatro campos: água potável, água para fins industriais, água para serviços e limpeza pública e água para atender ao período de estiagem - entre agosto e setembro. Em função da grandiosidade espacial da região metropolitana e da exeqüibilidade de recursos locais - cabeceiras e manaciais que são diversos, mas não muito importantes -, toda a região está ameaçada. São Paulo nasceu na cabeceira do rio Tietê, mas de repente a cidade estorou e até a Cantareira corre perigo, devido à má administração e ao mal gerenciamento da serra tombada. Pessoas ricas estão subindo de Mairiporã para a Cantareira, de forma a olhar para São Paulo como se fosse um belvedere. No entanto, a única vista que terão será a da poluição. O problema hídrico deixou de ser uma questão associada apenas às taxas de precipitações, mas ao balanço entre as precipitações e a quantidade de água necessária para manter a população metropolitana, as indústrias, os serviços etc. Assim, São Paulo vai buscar água em locais cada vez mais distantes. É o caso de águas em regiões além-Cantareira, como Campinas, que já precisam capturar recursos de Minas Gerais, pois as águas disponíveis nas regiões mais próximas já foram capturadas pela Grande São Paulo. De modo geral, as capturas de água foram feitas das aguadas da Cantareira e do Alto Rio Grande e nas cabeceiras dos rios Pinheiros e Tietê. Mas isso é insuficiente para atender às necessidades da metrópole. Estamos, portanto, em um impasse: temos que buscar água além da bacia de São Paulo, mas muitos casos exigem altos custos e energia para fazer a transposição de águas de terrenos mais baixos para a cidade.

CC - O Sr. disse certa vez que despoluir o rio Tietê é uma prática inviável. Por quê?
Ab'Saber - As águas que são fundamentais para abastecimento são poluídas devido ao crescimento urbano caótico e envolvimento de algumas áreas de represamento de água que deveriam doar água permanentemente para São Paulo e, hoje, são poluídas antes de ser tratadas. O próprio tratamento tem muitos problemas - excesso de cloro e outras substâncias, principalmente no período em que as águas começam a secar - e a qualidade do recurso cai muito. Sendo os afluentes poluídos previamente, é impossível despoluir um rio como o Tietê.

CC - A situação de emergência em relação à poluição de recursos hídricos é uma questão apenas brasileira?
Ab'Saber - Em algumas partes do mundo a situação é até pior. Em certas cidades da Europa ocidental, os chafarizes históricos tradicionais estão soltando águas com espuma. Mas se levarmos em conta o volume de espumas que sai do Tietê a partir do alto vale do Tietê até pouco depois da cidade de Salto, tem-se um dos maiores valores de poluição hídrica do mundo. São águas fora de qualquer possibilidade de uso. Isso ocorre porque a drenagem tropical é muito densa e tem muitos córregos que estão entremeados por vida urbana, favelas e bairros carentes etc, e recebem, então, uma carga poluente que desemboca nos rios Tietê e Pinheiros.

CC - Como São Paulo deve pensar o futuro para solucionar essa questão?
Ab'Saber - A cidade deve pensar em muitas estratégias para resolver o problema. Água subterrânea é muito pouco. Serviria para um ou outro lugar na bacia de São Paulo, oferecendo poucos metros cúbicos por segundo de água. O lençol de água subterrânea mais importante hoje é o chamado lençol Guarani, mas esse lençol começa bem para dentro da depressão periférica, dirigindo-se à bacia do Paraná, ao oeste, o que é longe de São Paulo. Talvez algum dia haja uma idéia tecnocrática de fazer perfurações no lençol Guarani para trazer água a São Paulo sem grandes gastos de energia. A situação é altamente preocupante e pede estudos permanentes e soluções com hierarquia de prioridades.


ComCiência
Revista Eletrônica de Jornalismo Científico (acessado em 22 de julho de 2010

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Atualização - geopolítica América do Sul

Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Colômbia, Juan Manuel Santos, concordaram nesta terça-feira (10) em retomar as relações diplomáticas rompidas no último mês.

O acordo assinado hoje prevê o “estrito cumprimento do direito internacional” e defende “não ingerência em assuntos internos” e “respeito à soberania e integridade territorial”.

A retomada das relações foi anunciada em coletiva de imprensa após mais de três horas de reunião entre os dois presidentes, na cidade colombiana de Santa Marta, onde morreu Simon Bolívar, figura histórica considerada um herói pelos dois países.

Em referência às farpas trocadas no passado, o recém empossado presidente Santos afirmou que “pessoas que tiveram tantas diferenças como nós decidiram virar a página – isso é algo que temos que celebrar”.


Santos destacou que a reunião de hoje teve um “diálogo franco e sincero”, e qualificou o encontro como “grande passo no restabelecimento da confiança” entre os dois países.

A “declaração de princípios” acordada hoje prevê ainda o pagamento das dívidas que Venezuela tem com os exportadores colombianos, medidas de desenvolvimento da região da fronteira e matérias de infraestrutura conjunta.

Santos também tocou na questão mais delicada do encontro, a suposta presença de guerrilheiros em território venezuelano. “Hugo Chávez me reiterou hoje que não vai permitir elementos à margem da lei em seu território”, afirmou. “Isso para gente é bem importante, e é importante para manter as relações em bases firmes.”

Ao seu lado, Chávez reiterou que o governo da Venezuela “não apoia, nem permite a presença da guerrilha, do terrorismo ou do narcotráfico” em seu território - e que perseguir essas forças é parte de sua função como presidente.


"Se eu apoiasse a guerrilha, em 11 anos, isso teria sido notado", afirmou. "Eu não apoio a guerrilha, quem ainda desconfia, que se convença disso."

O presidente venezuelano acrescentou que militares de venezuelanos patrulharam as regiões indicadas pela Colômbia e não acharam nenhum acampamento guerrilheiro.

Sobre o futuro, Chávez pediu maior diálogo entre os dois governos. “Sobre qualquer informe, relatório, tenha a gravidade que tiver, que nos comuniquemos!”

O presidente venezuelano também destacou que Colômbia e Venezuela são “uma mesma nação” e devem “aprender a conviver”.

“Eu me sinto colombiano, aqui me sinto em minha pátria”, declarou Chávez, e reiterou em seguida que reconhece plenamente a autoridade de Santos como presidente.

Histórico
Chávez rompeu relações diplomáticas com Colômbia no último dia 22 de julho, logo após o governo chefiado por Álvaro Uribe acusar a Venezuela de ser tolerante com guerrilheiros colombianos.

A acusação, feita em reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, apresentava fotos e mapas como provas de que existem acampamentos da guerrilha em território da Venezuela, e pedia o envio de uma missão internacional para verificar sua presença.

Chávez negou as acusações e acusou a Colômbia de planejar um ataque militar contra a Venezuela, alimentando um embate que se manteve até o final do mandato de Uribe, no último sábado, quando Santos assumiu o poder.

As relações bilaterais já estavam em suspenso desde o ano passado devido às divergências da Venezuela por causa de um acordo militar que a Colômbia assinou com os Estados Unidos, e por causa da escalada no enfrentamento que Chávez e Uribe mantiveram nos últimos anos.

Esse esfriamento provocou a perda de dezenas de milhares de empregos na região da fronteira, assim como uma grande queda das exportações colombianas para a Venezuela

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

simulado Uerj - 2o EQ 2011

1) Lula tentará mediar crise entre Caracas e Bogotá
A crise entre Colômbia e Venezuela que será discutida hoje à reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), em Quito, no Equador deve ser mediada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo reportagem do Estadão, Lula disse ontem que o tempo “é de paz e não de guerra”. A Colômbia acusa a Venezuela de abrigar, com a anuência do governo do presidente Hugo Chávez, guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), incluindo vários líderes do grupo. Caracas nega que dê proteção à guerrilha.

Em relação a atitude brasileira no âmbito dos Blocos econômicos latino americanos .
a)Possui relação controvérsia
b)Reafirma liderança geopolítica no continente
c)Aumenta claramente a subordinação aos EUA
d)Distribui a influência de forma igualitária aos demais membros da UNASUL.

2) Computador chega a 36% das residências brasileiras
Pesquisa divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil mostra que 36% das casas do país mantiveram ao menos computador em suas dependências em 2009. De acordo com reportagem da Folha, o número equivale um aumento de 30% em relação a 2008, ano em que apenas 28% tinham computador em casas no perímetro urbano. Segundo o levantamento, o aumento foi visto também em relação ao acesso à internet nas casas brasileiras: de 20% em 2008 para 27% dos domicílios no ano seguinte, o que representa um aumento de 35% no período.

Apesar do aumento, o Brasil ainda pode ser considerado distante dos países desenvolvidos no que diz respeito a utilização de computadores em domicílios,o que reflete uma das característica típica do fenômeno da “GLOBALIZAÇÃO”mediante : .
a)utilização de computadores por todos os habitantes do planeta.
b)distribuição homogênea da rede de informações
c)interseção de culturas homogêneas gerando a sociedade única.
d)abrangência diferenciada em relação aos territórios .

3) Telefônica anuncia compra do controle da Vivo
Após uma longa batalha, a companhia espanhola Telefônica anunciou o acordo para assumir o controle acionário da Vivo, a maior operadora de celular do Brasil. De acordo com reportagem do jornal Estado de S. Paulo, a empresa chegou a um acordo para a compra dos 50% da participação da Portugal Telecom (PT) na Brasilcel, holding que tem 60% das ações da Vivo. A transação entre as duas empresas está estimada 7,5 bilhões de euros, o equivalente a R$ 17,2 bilhões.
Em relação a dinâmica empresarial das megacorporações citadas, a passagem faz alusão a :a) cartéis
b) truste
c) monopolização
d) dumping

4) “Estrada recuperada em São Paulo dura menos de um ano”

O relato acima merece destaque no Brasil devido a principalmente:
a)Baixo investimento em rodovias
b)baixa tributação aos usuários de rodovias
c)intemperismo químico físico relacionado a climas úmidos
d)baixo índice de estatização de indústrias

sexta-feira, 25 de junho de 2010

dicas

Dicas gerais

Dificilmente existirá, em concursos militares, um bom aluno em Geografia que não se dedique bastante à História, pois os conteúdos devem ser trabalhados de maneira conjunta, sendo imprescindível a noção do período de ocorrência dos diferentes acontecimentos.
Uma perceptível tendência em provas do Exército Brasileiro é o aumento do número de questões de Geografia Física, relacionadas, sem dúvida, à ampliação da preocupação do ser humano com o meio ambiente em detrimento aos outros temas, além disso, dificilmente questões relacionadas diretamente à forma de governo no período militar farão parte dos exames.
Para os interessados em integrar o quadro de sargentos do Exército Brasileiro, é necessário ter conhecimento de que a prova é composta por seis questões objetivas, contendo cinco opções cada, caracterizada pelo nível mediano de dificuldade, e por ter conteúdo restrito à Geografia do Brasil. As questões não exigem um aprimorado nível de raciocínio lógico, porém necessitam de bom nível de estudo, atenção a temas, como problemas ambientais contemporâneos( Aquecimento Global, desertificação, chuvas ácidas, impermeabilização do solo urbano) e ainda relacionados à parte física, os domínios morfoclimáticos brasileiros, com foco nos diferentes climas e vegetações do Brasil. Uma boa dica nessa área refere-se às enchentes que vêm recentemente assolando a região Nordeste. Outros temas, como a dinâmica populacional brasileira (Transição demográfica e IDH), formação e evolução territorial brasileira são imprescindíveis aos estudantes e, em ano de eleições, vale lembrar-se do sistema eleitoral brasileiro.
Aos que almejam ingressar o quadro de tenentes, através da ESaEx, é necessário saber que a prova é composta por 10 questões objetivas, contendo 5 opções cada, apresenta nível elevado de conhecimento, sendo caracterizada por ser um exame extremamente conteudista. Mais uma vez, ênfase na Geografia Física, mais precisamente no arcabouço geológico brasileiro, classificação do relevo segundo Jurandyr Ross, fatores climáticos e dinâmica climática brasileira, além dos domínios morfoclimáticos com aprofundamento no D omínio Amazônico. A dica desse ano: “As jazidas petrolíferas do Pré-sal, formação e a polêmica exploração (questão dos Royalties), a banca elaboradora tem uma notória inclinação as idéias do geógrafo Milton Santos (sua bibliografia é fundamental aos que não fazem cursos preparatórios), temas como a desmetropolização, involução metropolitana, divisões regionais brasileiras, localização industrial são bastante cobrados. Deve-se ressaltar que o conteúdo dessa avaliação não é totalmente restrito à Geografia do Brasil, por exemplo, a relação brasileira com os países do Mercosul também é muito importante .

domingo, 13 de junho de 2010

comentários exame de qualificação UERJ 2011 - (folha dirigida)

Comentários – Prova Ciências Humanas

A prova não fugiu o padrão convencional de sua banca. Temas como a evolução dos processos produtivos, relação entre macroeconomia e ação do Estado, fenômeno da globalização, evolução demográfica, problemas agrários brasileiros, e a já corriqueira “problemática urbanização” foram temas relevantes .Gostaria de parabenizar os elaboradores pela utilização de temas muito importantes à contextualização dos vestibulandos a questões contemporâneas (e, ou atualidades) sem deixar de lado conceitos básicos da ciência geográfica.
O grau de dificuldade pode ser considerado mediano a fácil, totalmente enquadrado em uma proposta transdiciplinar de ciências humanas (Geografia, história, sociologia, economia e artes) condizente ao atual grau de estudo (1º semestre da maioria dos vestibulandos), não existem questões plausíveis de recurso em minha opinião. Porém as reclamações em relação à similaridade entre alternativas foram marcantes na saída do exame.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Sai do papel a criação de Angra 3 .

A construção da Usina de Angra 3, projeto engavetado há 35 anos, vai começar a sair do papel ainda no governo Lula. Ontem, a Eletronuclear obteve da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a licença de construção, que permite o início das obras do prédio do reator. A previsão para a operação da usina, porém, é entre 2015 e início de 2016. "Esse é o marco zero do projeto", afirmou o presidente da CNEN, Odair Dias Gonçalves.

O projeto de Angra 3 foi elaborado durante a assinatura do acordo nuclear Brasil-Alemanha. Na época, o governo brasileiro comprou equipamentos para construir as usinas de Angra 2 e Angra 3. Os materiais, que chegaram ao Brasil ainda na década de 70, continuam armazenados. Em 1984, a Eletronuclear chegou a retomar o projeto de Angra 3, mas as obras de preparação do terreno foram interrompidas dois anos depois.

Para Gonçalves, o fato de as duas usinas terem projetos semelhantes acelerou o trabalho de licenciamento. Além disso, permitiu redução significativa nos custos, que ficaram em torno de 20% do valor do licenciamento de nova usina nuclear, que gira em torno de US$ 100 milhões.

A licença foi liberada pela CNEN com 30 condicionantes. A maior parte são adaptações que permitam ao projeto de Angra 3 segurança semelhante ou maior do que a de Angra 2. Um exemplo é a exigência de maior detalhamento sobre sísmica, em razão do recente abalo no Chile, sentido no litoral de São Paulo. O superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos da Eletronuclear, Luiz Manuel Messias, espera iniciar até o fim desta semana a concretagem do prédio onde será instalado o reator.

Segundo Messias, à medida que as exigências forem cumpridas pela Eletronuclear, a CNEN concede outras autorizações para a execução das obras da usina, que terá 1,4 mil MW de potência. "A partir de agora, não existe nenhum impedimento legal às obras do projeto", comemorou.

A Eletronuclear previa o início da construção de Angra 3 em 2009, mas a dificuldade de obter as licenças alterou o cronograma. Além da demora da autorização da CNEN, a estatal enfrentou problemas para conseguir a licença do uso do solo pela prefeitura de Angra dos Reis, onde está localizado o complexo nuclear.
Outro ponto que provocou atraso foi a discussão com o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o valor do contrato original, firmado com a Andrade Gutierrez em 1983. O acordo com o TCU, que reduziu em R$ 120 milhões o valor do contrato, para R$ 1,3 bilhão, foi concluído em novembro de 2009.

Licenças. A licença de construção não é a última que a Eletronuclear precisava para tocar o projeto. A usina ainda precisa da licença de uso de material radioativo, da licença prévia e da licença permanente. "Essas licenças serão obtidas entre o fim de 2014 e 2015", disse Messias. A previsão de investimentos em Angra 3 gira em torno de R$ 9 bilhões. Para este ano, a expectativa é gastar R$ 800 milhões no projeto.

Para o presidente do CNEN, a licença de Angra 3 é um marco na história do programa nuclear brasileiro. Para Gonçalves, independentemente do resultado das eleições, o programa é "irreversível".

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Países Emergentes - "Que apetite"

Se alguém duvida de que a unipolaridade vira mortadela que pergunte ao BRIC. A sigla formada pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China designa um novo clube de nações que põe em questão a ordem mundial, que já era fluida depois do desaparecimento da União Soviética.


Os índices macrométricos desses quatro gigantes são conhecidos: com mais de 2,7 bilhões de habitantes, têm 40% da população mundial; superam os 20% de seu PIB; Índia e China são Terceiro Mundo clássico, Brasil está deixando de sê-lo e Rússia evitou cair nele; a raça branca - Brasil e Rússia - apenas contribui com 200 ou 250 milhões de membros do grupo; o cristianismo, todas as suas versões compreendidas, figura com 300 ou 350 milhões e o restante se reparte em hinduístas, budistas, muçulmanos e o culto aos antepassados que em tempos de Mao se denominava a "tenda de Confúcio"; e quanto a línguas, o mandarim e o hindi, com mais de 1 bilhão de falantes cada, predominam. Mas toda essa taxonomia só fala de diferença, heterogeneidade, amálgama. Deve haver algo diferente que aproxime esses países, que explique o interesse em coordenar-se, em crer que algo no futuro lhes é comum.
O cientista político francês Dominique Moïsi propunha em um artigo de 2007 quatro categorias: países de "apetite", "ressentimento", "medo" e "indecisos". Os quatro BRICs entram de cheio no primeiro capítulo, porque pensam que chegou sua hora de aproveitar a globalização, o consumo, a gestão de uma nova riqueza e de uma soberania exaltada no mundo.

O Japão abriu a via, com a abertura da dinastia Meiji em 1868, e a Rússia recupera essa trajetória, iniciada pelo czarismo no início do século 20, e como diz Tzvetan Todorov - "O medo dos bárbaros" - "pode se enriquecer porque não se vê lastreada pela necessidade de lutar pelo poder mundial"; para a China significa voltar a ser o "império do centro"; a Índia alcança uma maioridade depois de sua reinvenção como Estado; e o Brasil reclama o que crê que lhe corresponde pelas riquezas que sua terra e seu mar abrigam. A opção do "ressentimento" tampouco os deixa indiferentes.
Qualquer um que tenha visitado as grandes cidades chinesas nos últimos anos, os do verdadeiro "Grande Salto para a Frente", terá sofrido a escala de preços só para ocidentais, e em nível macro a maciça falsificação de marcas europeias é praticada não só como fraude mas compensação pelo semicolonialismo que as grandes potências infligiram à China durante um século de humilhações
A súbita descida aos infernos da Rússia depois de seu suicídio em 1989-91 deixou muitos russos - e não só comunistas - com a sensação de que o mundo havia se aberto sob seus pés, e unicamente a terapia de Vladimir Putin veio atenuar esse sofrimento, mas a convalescença ainda não terminou. O que melhor representa essa comunidade do ressentimento é um passado colonial de exploração e escravidão, e modernamente os intercâmbios desiguais.
A Índia viveu esse passado, mas a adoção de uma democracia à britânica e o fato de ter-se constituído como Estado graças a Londres, que unificou sob seu domínio o subcontinente hindustânico, certamente aliviam seus pesares. E o Brasil não reconhece em Portugal, talvez pelo abismo de magnitudes, a potência colonial culpada, pelo menos não como a Venezuela chavista e a Bolívia indigenista fazem com a madrasta Espanha. Mas todos participam um pouco da espécie.
O medo pertence totalmente à Europa, mas os EUA não estão tão longe de somar-se a ela. É a era pós-heróica pela qual as etnias brancas, recostadas em um desenvolvimento que nem a pior crise pode volatilizar, consideram que não há aventura externa que justifique o derramamento de sangue: o próprio.

A dos indecisos, finalmente, é uma categoria "contêiner" para recolher os que sobram ou circulam de uma situação a outra. O Equador poderia estar aí.

Os BRICs, que no fim de semana passado se reuniram em Brasília, não são uma confederação, não têm estrutura, carecem de vínculos institucionais e um deles, a China, nem sequer é uma democracia; são apenas um clube com interesses comuns verificáveis em votações da ONU, declarações contra a intervenção americana no mundo islâmico e uma nova linguagem comum e global. Embora dois deles, China e Rússia, abranjam todos os paralelos, os BRICs são o Sul do Sul. Um eixo para o século 21.



El País. 21 de abril de 2010

Miguel Ángel Bastenier

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Meio Ambiente

        Se entende, pelo uso racional dos recursos naturais de acordo com seu anseio, de forma consciente e racional tendo em vista suas gerações futuras também utilizarem os recursos futuramente . “exploração Racional “ ( Barreto,2005)


   O atual modelo de produção capitalista acabou gerando uma série de desequilíbrios em diversos aspectos. Cada dia que passa o ritmo de produção aumenta gerando riqueza e novas tecnologias, porém a desigualdade social, a degradação e a poluição tornam-se cada vez mais presentes. O sistema vigente de produção acabou tornando-se caracteristicamente contraditório e excludente, pois favorece apenas uma pequena parcela da população mundial que consomem demasiadamente sem preocupação com os efeitos ambientais e com a desigualdade social gerada pela crescente concentração de renda na nossa sociedade. O consumo exagerado, o rápido esgotamento das riquezas naturais e a poluição fazem parte do contexto do sistema capitalista atual.

    Diante desta observação, surgiu a idéia de se criar um sistema que concilia desenvolvimento econômico, igualdade social e preservação ambiental. O desenvolvimento sustentável consiste em criar um modelo econômico capaz de gerar riqueza e inclusão social preservando o meio ambiente.

  O desenvolvimento sustentável procura satisfazer as necessidades presentes de produção e consumo, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidade  O desenvolvimento sustentável busca o desenvolvimento econômico, científico e social sem euxarir os recursos naturais do mundo.

    No Brasil, a consolidação do processo de implantação do conceito de desenvolvimento sustentável segue o direcionamento da Agenda 21 elaborada na Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 (Rio Eco 92). A Agenda 21 propõe uma nova relação entre produção, meio ambiente e desenvolvimento econômico, inspirada em uma noção de sustentabilidade baseada por uma visão econômica de preservação ambiental. A Agenda 21 representa uma proposta para a implementação de um novo modelo de desenvolvimento sustentável quanto a exploração dos recursos naturais e preservação da biodiversidade.

domingo, 4 de abril de 2010

Maciço da Tijuca visto do céu

 Com muito prazer que fui convocado pelo Prof. Álvaro Barreto a escrever sobre o maciço da Tijuca na cidade do Riode Janeiro. Após diversos trabalhos em campo em conjunto, integrando com turmas de cursos preparatórios e escolas de ensino médio. Vejo que o conhecimento é a melhor ferramenta para protegermos a Floresta e o maciço da Tijuca. Neste texto faço a divisão, visando o leitor compreender a diferença entre os mesmos. Já que a Floresta está sobre esta unidade Geológico - Geomorfológico exercendo uma funcionalidade de estabilização das encostas  e exercendo o papel de agente de infiltração das águas das chuvas. por fim brindo ao leitor algumas fotografias tiradas por mim no sobrevoo realizado no maciço no fim de março.

O texto a seguir é parte integrante da Tese de Doutorado de André Batista de Negreiros, intitulada:


Reabilitação funcional de clareiras DE DESLIZAMENTOS na Floresta Atlântica e Efeitos na Produção de sedimentos: bases para redução de desastres causados por deslizamentos e enchentes em cidades costeiras.


O Maciço da Tijuca.

O maciço da Tijuca, se localiza no município do Rio de Janeiro, e se trata de uma das três unidades fisiográficas montanhosas da cidade do Rio de Janeiro (complementado pelos maciços da Pedra Branca e Mendanha). Este maciço possui uma área total de 118.7Km2 (11.870 ha), considerando a curva de nível contínua na cota de 40m (a.n.m.). Suas encostas são recobertas por vegetação, resultado em sua maioria, de um avançado processo natural de regeneração, não excluindo a influência de replantios iniciados no século XIX de espécies nativas e exóticas para a recuperação desta paisagem. 
Assim como os demais maciços costeiros, o maciço da Tijuca funciona como um importante centro armazenador e distribuidor de água das chuvas, que convergem descargas fluviais (liquidas solidas ou solúveis) para as baixadas costeiras através de uma rede de canais retificados e drenos enterrados, antes de desaguarem em seus respectivos reservatórios terminais na baía de Guanabara, nas lagoas costeiras (Rodrigo de Freitas, Tijuca e Jacarepaguá e diretamente no oceano (Coelho Netto, 2005).
O maciço  se situa entre os paralelos 22º55’ e 23º00’S e os meridianos 43º20’ e 43º10W, sua altitude está entre 0 a 1.021m, sua paisagem abriga um grande mosaico de coberturas e tipos de uso do solo, que vão desde áreas de afloramento rochoso, gramíneas, florestas em diferentes estágios sucessionais e áreas edificadas.

As características geológicas básicas do maciço da Tijuca são um embasamento rochoso de idade pré-cambriana em um terreno metamórfico de alto grau, com presença de corpos graníticos. Constituído predominantemente por três unidades litológicas principais com algumas variações composicionais e texturais: ortognaisses, biotita-gnaisses e leptinitos (Silva e Silva, 1987; Pires e Heilbron, 1989). Os solos caracterizam-se por predomínio de grandes extensões de Latossolos nas áreas montanhosas, aparecendo litossolos e cambissolos nas áreas mais íngremes (Coelho Netto, 1979).
O clima do Maciço da Tijuca segundo a classificação de Koppen é tropical de altitude (Cf) com temperaturas variando de valores médios máximos em 25ºC em fevereiro e mínimo de 19ºC em junho, resultando em uma média anual de 22º C. A temperatura máxima pode atingir 35ºC durante o verão e o mínimo excedendo 10ºC durante o período de inverno.
 A precipitação anual média oscila entre 2.000 e 2.500mm, podendo atingir picos de 3.300mm em anos muito chuvosos e picos negativos de 1.600mm em anos mais secos. A maior parte das chuvas se concentra, nos 4 primeiros meses dos anos. A maior pluviosidade que ocorre no verão é uma resposta direta ao impacto causado pela frente polar Atlântica, alterando a dinâmica habitual da atmosfera (Coelho Netto, 1985).



  A orientação e a altitude do maciço da Tijuca fazem com que o relevo funcione como um anteparo aos ventos úmidos provenientes do Oceano Atlântico na sua vertente sul determinando o surgimento de correntes convectivas de origem orográfica nas escarpas montanhosas e fundos de vale. A vertente norte e noroeste, por sua vez, apresentam condições climáticas mais seca e uma ocupação urbana mais intensa. A vegetação nessas áreas apresenta-se composta em grande parte, por floresta degradada e gramíneas, caracterizando uma crescente degradação (Oliveira et al.,1996)
Zaú (1995) estudando áreas submetidas à degradação na vertente norte do maciço da Tijuca demonstra que essas áreas apresentam maiores taxas de erosão e condições pouco desenvolvidas do subsistema de decomposição e estruturação do solo.

A Floresta da Tijuca

No interior do maciço da Tijuca, insere-se a área correspondente ao Parque Nacional da Tijuca, criado em 1961 e que consta hoje após ampliações uma área de 3.953 ha. Esta área é dividida em 4 setores que podem ser visualizados O maciço é composto pelas serras da Carioca, da Tijuca ou Três Rios e Pretos Forros (Coelho Netto, 1992);
A Floresta Atlântica que ocupa as encostas do maciço da Tijuca é conhecida localmente como Floresta da Tijuca, sendo atualmente composta em sua maioria por uma floresta tropical secundária. Esta área era recoberta por mata primária que foi desmatada para a implantação de fazendas de café, cana, chá e gado. A partir de problemas de abastecimento de águas na cidade do Rio de Janeiro no século XIX houve a iniciativa, por parte da coroa, de desapropriação destas fazendas e do reflorestamento por espécies nativas. Estes reflorestamentos não efetuaram o total retorno da vegetação, onde este foi conseqüência do processo de sucessão natural. Atualmente a vegetação do maciço é composta por áreas de formação secundária, remanescentes de formação primária e terrenos degradados (Mattos et al,1976 apud).

Coelho Netto (1985) aponta para uma diversidade de espécies em classes de estratos, podendo ser descritos em:

·         Estrato arbóreo - constituído por espécies que podem atingir entre 20 e 25 metros de altura, os troncos são retilíneos sem ramificações até o topo, onde passam a formar a copa. Dentre as principais famílias pode-se destacar a Leguminosae, Sapotaceae, Vochysiaceae, Bombacaceae, Euphorbiaceae, Meliaceae, Lauraceae, Lecythidaceae, Moraceae, Melastomataceae, etc;

·         Estrato arbustivo – desenvolve-se num ambiente de luz difusa sob umidade constante e temperatura menos variável. As árvores têm um menor porte e são mais delgadas. As famílias mais numerosas são: Palmae, Rubiaceae, Myrtaceae, Piperaceae, Meliaceae, Guttiferaceae, Melastomataceae, Lauraceae, Nyctaginaceae, Flacourtiaceae, Proteaceae, Lacistemácea, Annonaceae, etc;

·         Estrato herbáceo – as plantas não ultrapassam 2 metros de altura. As famílias mais representativas são: Marantaceae, Musaceae e Lastomataceae. Junto ao solo encontram-se ainda vários representantes das famílias Rubiaceae, Acanthaceae, Piperaceae, Solanaceae, Graminae e Apperaceae;

·         Lianas ou cipó – constituem um traço marcante das florestas tropicais. As epífitas, incluindo algas, liquens, cogumelos e orquídeas, desenvolvem-se sobre os troncos e ramos das outras plantas.


A proximidade dessa floresta com a metrópole do da cidade do Rio de Janeiro gera problemas de ordem do funcionamento interno do geoecossistema florestal, como observado na figura 4. A exposição contínua de substâncias químicas provenientes dos resíduos industriais, meios de transporte e poeiras terrestres, atingindo alguns níveis acima da tolerância. Outros efeitos perturbadores resultam da proliferação de queimadas e desmatamentos associados à ocupação desordenada das encostas, que vem se espalhando em direção as partes superiores e desrespeitando inclusive os limites do Parque Nacional da Tijuca (Coelho Netto, 1992).

Bibliografia: 

COELHO NETTO, A. L. (1979) O processo erosivo nas encostas do maciço da Tijuca, RJ, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós Graduação em Geografia, UFRJ, 112 p.

COELHO NETTO A. L. (1985) Surface hydrology and soil erosion in a tropical montainous rainforest drainage basin, RJ, Phd thesis, Katholieke Univ. Leuven, Belgiun, 181 p.

COELHO NETTO A. L. (1992) O Geoecossistema da floresta da Tijuca, in: Natureza e sociedade no Rio de Janeiro (Abreu, M. A. A., org.), Biblioteca Carioca/IPLANRIO, pp.104–142. 
 

COELHO NETTO A. L. (2005) A interface florestal-urbana e os desastres naturais relacionados à água no maciço da Tijuca: desafios ao planejamento urbano numa perspectiva sócio ambiental, in: Revista do Departamento de Geografia, 16, pp. 46-60.

OLIVEIRA, R.R; AVELAR, A. S.; OLIVEIRA, C. A.; ROCHA LEÃO. O. M; FREITAS, M. M.; COELHO NETTO, A. L. (1996) Degradação da floresta e desabamentos ocorridos em fevereiro de 1996 no maciço da Tijuca, RJ, in: Anais de Resumos do XLVII congresso nacional de Botânica, Nova Friburgo.

PIRES, F. R. M.; HEILBRON, M. L. (1989) Estruturação e estratigrafia dos gnaisses do Rio de Janeiro, RJ, in: Anais do I Simpósio Regional de Geologia do Sudeste, Boletim de resumos, pp.149-150.
 
    SILVA, P. C. F. S.; SILVA, R. R. (1987) Mapeamento geológico estrutural da serra da Carioca e adjacências, município do Rio de Janeiro, in: Anais do I Simpósio de geologia regional RJ-ES, pp.198–209.