quinta-feira, 30 de setembro de 2010

França e a suposta soberania compartilhada.

É de conhecimento geral que a frança é um páis muito importante no âmbito da UE SABEMOS TAMBÉM DE SUA IMPORTÂNCIA GEOPOLITICA E ECONÔMICA, porém epsódios recentes como a expulsão de ciganos e a proibição do uso da burca desagradaram demasiadamente seus principais parceiros do bloco.A incapacidade do Estado Francês em desenvolver uma política eficiente que integre os imigrantes está fortemente baseada no desejo de promover a homogeneidade numa nação “única e indivisível”, que na verdade é impossível de se realizar, a não ser que Sarkozy assuma de vez o seu desejo de restaurar o velho e detestável Império francês. As identidades dentro das nações são instáveis e é muito difícil uma comunidade cultural coincidir com uma entidade política, tornando impossível buscar a realização daquilo que se chama “França autêntica”.

Em meio à crise política (corrupção e financiamento de campanha eleitoral) que atinge o seu governo, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, considerou uma vitória importante no Parlamento a aprovação, por 335 votos a favor e um contra, a lei que proíbe o uso do niqab e da burca pelas mulheres muçulmanas. Por que uma questão privada que afeta poucas pessoas na França ressurge como um foco de atenção exagerada? Por que religião e etnia saíram da esfera pessoal e tornaram-se públicas? O fato é que se estabeleceu na França um forte vínculo entre identidade e migração.

As polêmicas sobre o tema da identidade nacional são, antes de tudo, o medo do "outro", do não europeu. Os islâmicos são percebidos cada vez mais por europeus "brancos" não apenas como uma ameaça aos seus empregos, mas, sobretudo, uma ameaça ao “estilo de vida europeu”. será então que a visão democratica francesa caiu em desuso?


Diferentemente da campanha presidencial em 2005, em que os temas principais eram o desemprego e questões sociais, em 2007, o líder da extrema direita Jean-Marie Le Pen, pode assistir com satisfação a questão da “identidade nacional” assumir o primeiro plano nos debates entre os candidatos. Alguns chegam a especular que as razões da catastrófica atuação da equipe francesa, dentro e fora de campo na África do Sul, refletem as profundas transformações da sociedade francesa. Pois, se em 1998 a França pode celebrar orgulhosa a imagem de Zidane (capitão francês de origem argelina) erguendo a taça de campeão do mundo, revelando a integração de uma nação multi-etnica; no início desse ano, a equipe francesa foi vaiada por uma grande parte da torcida, de filhos ou netos de argelinos, quando jogava uma partida de futebol contra Argélia em Paris.

Apesar desse debate sobre crise da identidade nacional francesa ser indicativo de uma conjunção de fatores que atinge toda a Europa (globalização, crise financeira, desemprego, a ascensão da Ásia, etc), e que tende a se intensificar à medida que se perde a confiança em sua capacidade de superar os desafios, no caso da França a frustração tem levado a uma nostalgia do passado.

Pela primeira vez na história, soldados de 13 países africanos que pertenceram ao antigo império colonial francês marcharam na avenida Champs-Elysees, à frente das tropas francesas nas comemorações do Dia da Bastilha em Paris. Várias organizações da sociedade civil francesa protestaram contra as violações dos direitos humanos por alguns dos líderes africanos que estavam presente e acusaram Sarkozy de nostalgia colonial. Na ocasião Sarkozy anunciou aumento das pensões dos veteranos africanos para o mesmo nível que as dos franceses para corrigir uma injustiça. (os combatentes da 2ª Guerra Mundial estão agora com idades que variam entre 84 e 95 anos).

O
No momento da celebração da vitória dos aliados os soldados africanos foram escondidos em lugares que pareciam verdadeiros campos de refugiados, pois De Gaulle queria uma celebração “mais branca”. Aqueles que ousaram tremular a bandeira da Argélia entre as bandeiras dos EUA, Inglaterra e França foram massacrados.

Os franceses criaram um mito e querem que acreditemos que ele existe como se fosse uma realidade: o Estado-Nação. Uma maioria acreditava que esse era o melhor caminho para consolidar e legitimar o governo sobre uma população que se caracteriza por uma língua comum ou por seu caráter étnico. O problema é que as identidades dentro das nações são instáveis e é muito difícil uma comunidade cultural coincidir com uma entidade política, tornando impossível buscar a realização daquilo que se chama “França autêntica”. A incapacidade do Estado Francês em desenvolver uma política eficiente que integre os imigrantes está fortemente baseada no desejo de promover a homogeneidade numa nação “única e indivisível”, que na verdade é impossível de se realizar, a não ser que Sarkozy assuma de vez o seu desejo de restaurar o velho e detestável Império francês.

a questão é qual a validade dos imigrantes para economia francesa:
a)em periodo de crise : culpa pela desemprego de cidadãos genuinamente franceses
b)em periodo favoraveis : solução para o défict de mão de obra nos setores menos atrativos do mercado(limpeza,construção civíl, táxis).
sendo assim , já passa da hora do governo Francês buscar consenso em questões diplomática isso traz á tona a suposta continua soberania compartilhada , que ao meu ver uma verdadeira utopia em relãção ao formato de integração entre blocos econômicos.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

simulado enem

1)

Nego drama,
Entre o sucesso e a lama,
Dinheiro, problemas,
Inveja, luxo, fama.
Nego drama,
Cabelo crespo,
E a pele escura,
A ferida, a chaga,
A procura da cura.
Nego drama,
Tenta ver
E não vê nada,
A não ser uma estrela,
Longe meio ofuscada.
Sente o drama,
O preço, a cobrança,
No amor, no ódio,
A insana vingança. Nego drama,
Entre o sucesso e a lama,
Dinheiro, problemas,
Inveja, luxo, fama.
Nego drama,
Cabelo crespo,
E a pele escura,
A ferida, a chaga,
A procura da cura.
Nego drama,
Tenta ver
E não vê nada,
A não ser uma estrela,
Longe meio ofuscada.
Sente o drama,
O preço, a cobrança,
No amor, no ódio,
A insana vingança.
Nego drama,
Eu sei quem trama,
E quem tá comigo,
O trauma que eu carrego,
Pra não ser mais um preto fudido.
O drama da cadeia e favela,
Túmulo, sangue,
Sirene, choros e vela.
Passageiro do brasil,
São paulo,
Agonia que sobrevivem,
Em meia as zorras e covardias,
Periferias,vielas e curtiços,
Você deve tá pensando,
O que você tem haver com isso,
Desde o início,
Por ouro e prata,
Olha quem morre,
Então veja você quem mata,
Recebe o mérito, a farda,
Que pratica o mal,
Me vê,
Pobre, preso ou morto,
Já é cultural.



A passagem acima retrata o cotidiano dos grandes centros urbanos Brasileiros, o cabedal lexo referente a problemática é representado por :

a) isatisfação , integração , sub moradia
b) preconceito, Violência , abismo social
c) trafico de drogas , emprego temporário e movimentos pendulares
d) favelização, estágios remunerados, consumo de drogas .
e) ambição, intolerância , trabalho formal .

2) Após nova e desgastante reunião em Brasília, centrais sindicais e governo federal atravessaram a noite negociando o acordo que define o reajuste dos aposentados e pensionistas do INSS que ganham acima do salário mínimo. E chegaram a consenso: o reajuste será de 6,19% em 2010, com aumento real de 2,55%. O mínimo será reajustado em 8,9%.

A proposta feita pelas representações de segurados foi aceita pelo governo. “Em 2010 e 2011, a correção será feita pelo INPC (inflação) mais 50% da variação do PIB. “Foi ótimo”, avaliou o presidente do Sindicato dos Aposentados, João Batista Inocentini. O percentual pode ser pouco maior e se aproximar de 7%, dependendo da inflação. O cálculo leva em conta a previsão de variação de 3,64% até o fim deste ano.


Foi aprovado pacote de benefícios para trabalhadores, relacionados à aposentadoria. Aqueles que receberam seguro-desemprego ou estiveram em aviso prévio terão esse tempo contado para a aposentadoria. Trabalhador que estiver a 12 meses da aposentadoria não poderá ser demitido.
A principal alegação para o fato de o governo querer retardar a incorporação do reajuste é explicado por :
A) baixa taxação aos idosos
B) b) sujeição ao prolongamento do IPI .
C) c) aumento do PIB
D) d)elevação da expectativa de vida e, consequentemente declínio de caixa da previdência social.
E) e)aumento substancial das taxas de natalidade garantindo renovação demográfica .
3)Nos EUA, produção de bioetanol consome 3 vezes mais água que o previsto
No país, combustível é processado a partir de milho.
Dependendo do cálculo, impacto sobre fontes é 8 vezes maior.
Cientistas do Departamento de Engenharia de Bioprodutos e Biossistemas da Universidade de Minnesota afirmam que a produção de bioetanol – que nos Estados Unidos é predominantemente obtido de milho – consome três vezes mais água do que o estimado inicialmente. O estudo foi publicado na “Environmental Science & Technology”. O problema ganha contornos ainda mais preocupantes considerando a tendência de escasseamento de fontes de água em muitas áreas dos EUA, avaliam os especialistas.
A produção americana anual de bioetanol é atualmente de 34 bilhões de litros por ano. Estudos anteriores calcularam que um galão (3,78 litros) de bioetanol de milho demanda 995 a 2.968 litros de água. As estimativas, porém, falharam por não abranger as variações regionais nas práticas de irrigação, concluíram os cientistas, liderados por Sangwon Suh.
Com informações detalhadas sobre como funciona a irrigação em 41 estados americanos, eles revisaram o impacto da produção de bioetanol sobre o consumo de água e chegaram a um número bem maior: 7.949 litros de água para cada galão de bioetanol de milho, dependendo do sistema de irrigação empregado. Em 2007, o consumo total de água na produção de bioetanol teria chegado a 3,2 trilhões de litros.
Em comparação as produção de etanol brasileira a relaçao com a produção norte aerica é cosiderada :
a)Superior em relação a lucratividade
b)iferior em relação a produtividade e lucratividade
c)tem pouca influencia no ciclo hidrológico natural .
d)Não necesita de grandes ivestimetos
e)para obtenção de cinco litros utiliza 38,3 litros dágua 5) Porém nem tudo são flores .

4)Governo vai impedir produção de cana na Amazônia e no Pantanal
Zoneamento agroecológico da cana deve ser anunciado em setembro.
O plantio também não será permitido na região da Bacia do Alto Paraguai.
Jeferson Ribeiro
O governo já bateu o martelo sobre o novo zoneamento agroecológico da cana de açúcar, que não vai permitir a extensão da produção dessas lavouras nas áreas da Amazônia e do Pantanal. Com isso, mais de 81% do território nacional ficam bloqueados para a produção de cana.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu os ministros da Agricultura, Reinold Stephanes, e do Meio Ambiente, Carlos Minc, para fechar questão sobre o tema. As novas regras devem ser divulgadas até meados de setembro. O governo ainda não sabe se o zoneamento será regido por um decreto presidencial ou por um projeto de lei. Segundo integrantes do governo, o novo zoneamento só vale para as futuras áreas de expansão do plantio. Ou seja, áreas já cultivadas na região do bioma Amazônia e do Pantanal não serão bloqueadas.
O G1 apurou com um dos participantes da reunião que os ministro superaram as divergências sobre a ampliação da área permitida para receber plantio de cana no país. O objetivo do zoneamento é apontar as áreas em que a produção da cana pode ser expandida até 2017.
Pelos cálculos do governo, cerca de 8 milhões de hectares do território brasileiro são usados para plantar cana, pouco menos de 1% do total da área plantada no país. Por acreditar num aumento expressivo do mercado externo para os biocombustíveis nos próximos anos, o governo pretende que a produção de cana dobre nos próximos anos. E, por isso, está fazendo um zoneamento agroecológico que permite a ampliação da área plantada, que segundo os estudos governamentais pode crescer em até 7 milhões de hectares nos próximos oito anos.

A passagem acima refere – se

a) ao preservacionismo do bioma costeiro
b) ao aumeto da área de plantio da cana sem restrições ambientais
c) ao desenvolvimento sustentável das áreas de extração de borracha na Amazônia ocidental
d) ao “não” do preservacionismo governamental a possível expansão da fronteira agrícola da cana.
e) construção de estradas para expansão do cultivo da cana

5) A Floresta Amazônica representa uma comunidade clímax e, por isso, tem como características, EXCETO

a) abundante biomassa.
b) alta diversidade.
c) teias alimentares complexas.
d) alto nível de fertilidade do solo.
e) taxa de fotossíntese igual à taxa de respiração.
6) Unasul militarizada
A União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que começa hoje em Bariloche, na Argentina, é o destaque internacional dos grandes jornais. A Folha (para assinantes) informa que os 12 presidentes reunidos poderão acertar um mecanismo no Conselho de Defesa para trocar e catalogar informações de estratégias militares e de compra de armamentos de cada país. É o chamado “projeto de transparência”. Na última reunião, no mês passado, o clima ficou um tanto belicista com as trocas de acusações entre Hugo Chávez, da Venezuela, e Álvaro Uribe, da Colômbia (que não estava presente), devido à presença norte-americana nas bases militares da Colômbia. Uribe havia acabado de denunciar que armas que pertenciam ao governo da Venezuela haviam sido encontradas em acampamentos de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou para Chávez ontem pedindo calma e cautela no encontro com Uribe logo mais, diz o Estadão.
Entre um dos principais entraves a ser resolvido pelo Brasil,no âmbito da Criação da Unasul estar em intermediar um possível conflito entre países membros e sua política de alianças,
A passagem refere-se a :
a)Inglaterra e Argentinas e as ilhas falklands
b)Bolívia e Venezuela ,a construção de gasodutos
c)Venezuela e Honduras, sucessão presidencial
d)Venezuela e Colômbia instalação de bases norte americanas
e)Cuba e EUA , socialismo ainda existente na ilha .

7) Energia brasileira mais suja
A emissão de gás carbônico na geração de energia elétrica do país cresceu 30% acima do consumo de energia. Esse é o fenômeno conhecido como energia suja e que coloca as usinas térmicas a óleo diesel e carvão – apontadas pelo Ministério do Meio Ambiente como principais responsáveis pelo aumento da emissão do gás – no alvo da política de redução de gases de efeito estufa. Segundo a Folha (para assinantes), o dado acende um sinal amarelo para o Brasil, que tem como intenção se posicionar como potência verde nas negociações do encontro sobre clima em Copenhague, em dezembro. Para se ter uma ideia, o percentual do aumento na emissão de gases das termoelétricas superou o do setor de transportes, o que mais queima combustíveis fósseis no Brasil.

Como possível solução aos alto níveis de emissões brasileiras de CO2, temos :

A) subistituir Hidroelétricas por termoelétricas
B) utlização de usinas nucleares em detrimento as termelétricas
C) retirar totalmente as hidrelétricas de funcionamento
D) reforçar o pograma prioritário em termelétricas (2001)
E) utilizar óleos vegetais em detrimento ao etanol .

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

entrevista com o Prof Aziz Ab´Saber

ENTREVISTA COM AZIZ AB'SABER
Questão hídrica: necessidade de estudos e soluções mais eficazes

Geógrafo, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, autor de diversas teorias e projetos inovadores na geografia brasileira, tendo recebido o Prêmio Santista e o Prêmio Almirante Álvaro Alberto, oferecido pelo CNPq, o prof. Aziz Ab'Saber demonstra grande preocupação com meio ambiente.

Em abril deste ano, Ab'Saber declarou que a frase mais triste que já ouviu ao longo de sua vida foi "Mãe, nós não temos mais nada nesse mundo". A frase foi proferida por uma criança para sua mãe, cujo barraco havia desmoronado após um temporal. À época, o professor afirmou que gostaria de repetir tal frase a FHC, ACM, Covas e outros políticos no poder. "As autoridades têm que aprender a complexidade do metabolismo urbano para dar uma solução à cidade", disse. Ab'Saber referia-se a conhecimentos básicos, como quantidades de lixo e esgoto produzidas pela população.

Antes de autoridades se darem conta, Ab'Saber já afirmava que despoluir o rio Tietê é uma grande utopia. "Não adianta querer limpar o rio, pois seus afluentes, pré-poluídos, continuarão nutrindo a insalubridade", afirmou.
Como os grandes geógrafos, Ab'Saber não consegue discorrer sobre a questão hídrica de forma isolada. Tudo no meio ambiente interage, e o papel que se joga no chão hoje, pode ser a gota d'água para inundar as cidades amanhã.

Com Ciência - O Brasil pode ser considerado um país rico em mananciais?
Ab'Saber - O Brasil, por sua extensão territorial e sua posição predominantemente entre os trópicos, com "pequena grande" área subtropical, é um dos países mais beneficiados por rios perenes do mundo. Ainda assim, há uma área de cerca de 750 mil km2 - o nordeste seco -, em que as drenagens são intermitentes. Trata-se de uma região grande, cerca de três vezes o estado de São Paulo. Observado em seu conjunto, o Brasil tem riquezas de recursos hídricos importantíssimos, atingindo seu ápice na Amazônia.

CC- A Amazônia possui reservas de água gigantescas - o suficiente para abastecer 500 milhões de pessoas durante cem anos. Que condições favorecem essa riqueza de recursos?
Ab'Saber - As precipitações dentro do território brasileiro são suficientes para garantir a perenidade de quase 7,5 milhões de espaços territoriais, sobretudo na Amazônia, onde as chuvas anuais variam entre 1600 e 3500 mm por quase 4 milhões de km2. Há regiões mais chuvosas, como Baixo-Amazonas e noroeste da Amazônia, e menos chuvosas, como a faixa transversal que vai de Roraima até as proximidades do Araguai. Mesmo assim, não houve impecilhos para se formar a floresta contínua, devido à colaboração do clima quente e úmido.

CC - Esse fenômeno não ocorre em regiões próximas à Amazônia, como nordeste seco e Brasil central. Quais as diferenças essenciais entre o cerrado (Brasil central) e a caatinga (nordeste seco)?
Ab'Saber - As variedades climáticas em regiões próximas apresentam características próprias. O nordeste seco apresenta drenagens intermitentes sazonais e abertas ao mar e o Brasil central caracteriza-se por clima tropical com uma estação chuvosa e outra relativamente seca, mas rios perenes - essa é a grande diferença entre os domínios dos cerrados e o das caatingas. As médias anuais de chuva no cerrado chegam a ser de duas a três vezes mais que as da caatinga. Para comparar, a região que recebe menos chuva no nordeste seco possui média pluvial anual de 268mm, sendo 850mm o máximo registrado.

CC - Como se comportam as chuvas na região tropical atlântica?
Ab'Saber - No Brasil tropical atlântico, que começa na faixa dos climas tropicais úmidos, na região costeira do nordeste, e vai se alargando na direção da Bahia, os rios são longos e muitas vezes nascem em climas secos e passam para o úmido. A partir do sul de Minas Gerais, essa área se interioriza muito, passando pelo Estado de São Paulo e do Paraná - viabilizando o clima subtropical e úmido deste estado e encerrando-se na porção oriental de Santa Catarina. Quando chega no planalto das araucárias, continua havendo chuva suficiente para manter cursos d'água importantes e perenes.

CC - O Sr. acha que, entre outros motivos, a riqueza hídrica da Amazônia é pólo de atração de interesses estrangeiros?
Ab'Saber - Sim. Uma das razões por que existe grande interesse em fazer o Brasil perder sua soberania sobre a Amazônia é essa. Muitos países não têm mais recursos hídricos disponíveis e, não sei porquê, acham que poderiam transportar para suas terras as águas da Amazônia - o que implicaria um custo imenso.

CC - Mas se há tanta água no Brasil, por que estamos passando por problemas tão sérios, como o racionamento de água da cidade de São Paulo?
Ab'Saber - Não basta verificar as condições de existência de águas em função da natureza climática e da perenidade das drenagens. O problema é mais sério. Trata-se da questão da distribuição de populações urbanas, indústrias, e espaços agrícolas mais importantes, que precisam de água natural e de água para realizar pivô para irrigação em terras mais secas, tornando-as produtivas. Essa distribuição anômala faz com que falte água em muitos lugares, sobretudo nas áreas metropolitanas. A grande São Paulo, por exemplo, tem cerca de 17 milhões de habitantes, enquanto Cuba e outros países têm por volta de 3 milhões. São Paulo, então, requereu, requer e requererá tanta água, que é difícil pensar em uma solução adequada.

CC - Por que o racionamento de água foi adotado? Quais os problemas que o Centro-Sul enfrenta que levaram a essa medida emergencial?
Ab'Saber - As águas nessa região destinam-se a quatro campos: água potável, água para fins industriais, água para serviços e limpeza pública e água para atender ao período de estiagem - entre agosto e setembro. Em função da grandiosidade espacial da região metropolitana e da exeqüibilidade de recursos locais - cabeceiras e manaciais que são diversos, mas não muito importantes -, toda a região está ameaçada. São Paulo nasceu na cabeceira do rio Tietê, mas de repente a cidade estorou e até a Cantareira corre perigo, devido à má administração e ao mal gerenciamento da serra tombada. Pessoas ricas estão subindo de Mairiporã para a Cantareira, de forma a olhar para São Paulo como se fosse um belvedere. No entanto, a única vista que terão será a da poluição. O problema hídrico deixou de ser uma questão associada apenas às taxas de precipitações, mas ao balanço entre as precipitações e a quantidade de água necessária para manter a população metropolitana, as indústrias, os serviços etc. Assim, São Paulo vai buscar água em locais cada vez mais distantes. É o caso de águas em regiões além-Cantareira, como Campinas, que já precisam capturar recursos de Minas Gerais, pois as águas disponíveis nas regiões mais próximas já foram capturadas pela Grande São Paulo. De modo geral, as capturas de água foram feitas das aguadas da Cantareira e do Alto Rio Grande e nas cabeceiras dos rios Pinheiros e Tietê. Mas isso é insuficiente para atender às necessidades da metrópole. Estamos, portanto, em um impasse: temos que buscar água além da bacia de São Paulo, mas muitos casos exigem altos custos e energia para fazer a transposição de águas de terrenos mais baixos para a cidade.

CC - O Sr. disse certa vez que despoluir o rio Tietê é uma prática inviável. Por quê?
Ab'Saber - As águas que são fundamentais para abastecimento são poluídas devido ao crescimento urbano caótico e envolvimento de algumas áreas de represamento de água que deveriam doar água permanentemente para São Paulo e, hoje, são poluídas antes de ser tratadas. O próprio tratamento tem muitos problemas - excesso de cloro e outras substâncias, principalmente no período em que as águas começam a secar - e a qualidade do recurso cai muito. Sendo os afluentes poluídos previamente, é impossível despoluir um rio como o Tietê.

CC - A situação de emergência em relação à poluição de recursos hídricos é uma questão apenas brasileira?
Ab'Saber - Em algumas partes do mundo a situação é até pior. Em certas cidades da Europa ocidental, os chafarizes históricos tradicionais estão soltando águas com espuma. Mas se levarmos em conta o volume de espumas que sai do Tietê a partir do alto vale do Tietê até pouco depois da cidade de Salto, tem-se um dos maiores valores de poluição hídrica do mundo. São águas fora de qualquer possibilidade de uso. Isso ocorre porque a drenagem tropical é muito densa e tem muitos córregos que estão entremeados por vida urbana, favelas e bairros carentes etc, e recebem, então, uma carga poluente que desemboca nos rios Tietê e Pinheiros.

CC - Como São Paulo deve pensar o futuro para solucionar essa questão?
Ab'Saber - A cidade deve pensar em muitas estratégias para resolver o problema. Água subterrânea é muito pouco. Serviria para um ou outro lugar na bacia de São Paulo, oferecendo poucos metros cúbicos por segundo de água. O lençol de água subterrânea mais importante hoje é o chamado lençol Guarani, mas esse lençol começa bem para dentro da depressão periférica, dirigindo-se à bacia do Paraná, ao oeste, o que é longe de São Paulo. Talvez algum dia haja uma idéia tecnocrática de fazer perfurações no lençol Guarani para trazer água a São Paulo sem grandes gastos de energia. A situação é altamente preocupante e pede estudos permanentes e soluções com hierarquia de prioridades.


ComCiência
Revista Eletrônica de Jornalismo Científico (acessado em 22 de julho de 2010